quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Verde que te quero verde...

No terço final do ano passado, 2008, vimos instalar-se, em todo o Mundo civilizado, a maior crise econômico-financeira desde o "crash" da Bolsa de NY, em 1929. Os frágeis fundamentos da denominada "economia de Mercado" vieram à tona, deixando claro a todos que se fazia necessária uma aprofundada análise sobre as razões para permitirmos que tudo aquilo se desse e quais as possiblidades para a superação daquele crucial instante da nossa História.
Sob o ponto-de-vista estritamente Filosófico, um instante interessantíssimo da Humanidade, pois trouxe-nos à necessidade de refletirmos sobre temas desagradáveis, pouco palatáveis, entre os quais a possibilidade de controle de finanças, de instituições públicas e privadas, de cada vez menores lucros em um ambiente quase que estritamente capitalista...e por aí nossos pensamentos seguiram.
Hoje, meados de Agosto de 2009, temos a sensação de que o pior desta tal "crise" foi superado. A questão que atualmente é objeto de análise dos cultos é se essa sensação é verdadeira, real, palpável, justificável, ou não passa de uma simples sensação, como o próprio nome sugere.
Desde que a "crise" se instalou em nossos Televisores e pela Internet, muitas coisas variaram. O País dito "líder" do Mundo Capitalista elegeu um Presidente negro, o primeiro de sua história. Além de pertencer a uma raça que até pouco tempo era escravizada dentro do próprio USA, esse novo Presidente, aparentemente, é bastante vanguardista, se comparado ao seu antecessor. Inclusive em se tratando de questões econômicas, pois enfrentou a "crise", senão com proficiência, com galhardia, atacando pontos nodais da dita "economia de Mercado" que havia tomado conta do seu País e, de lá, conquistado todo o Mundo.
Mas, ao meu sentir, a primordial alteração propiciada pela "crise de 2008" começa, agora, a apresentar-se. Trata-se de um movimento que já existia, nascido no Norte Europeu em meados dos anos de 1980, mundialmente debatido na década de 1990, duramente criticado e ridicularizado pelos "economistas de Mercado" no início dos anos 2000 e que, por sobreviver a tudo isso, já demonstra toda a sua inequívoca fortaleza.
Trata-se da chamada "Alternativa Verde", baseada no que se denomina "preceitos da Economia Verde". A tal alternativa apregoa que, diante de um cenário tão robusto de crise, não bastaria atacar-se apenas os resultados da "crise de 2008", mas, sim, as suas causas, a tal "economia de Mercado", que sustentava a lucratividade acima de qualquer outro preceito.
Muitos dos "eco-chatos" dos anos 1980 hoje são, ao menos em parte, compreendidos. É óbvio que esses sujeitos também se transformaram, se aperfeiçoaram, mudando algumas de suas condutas, deixando de sustentar a radicalização como única via para a imposição de seus ideais.
Recentemente, em evento ocorrido em Brasília/DF, presenciamos o Presidente de um dos maiores grupos econômicos do Mundo Capitalista, a Vale, empresa brasileira que internacionalizou-se a partir de sua privatização, Sr. Roger Agnelli, afirmar que o grande desafio do Século XXI não é remediar a atual crise econômica-financeira, mas, sim, refletir sobre as novas possibilidades geo-políticas e sociais que surgem. Para Agnelli, pensar na "Economia Verde" seria pensar em uma nova forma de prevalecência do Homem no Planeta, raciocinando sobre novas e limpas formas de energia, de baixa emissão de carbono, de novas possibilidades de realização e efetivação (finalmente!) do "desenvolvimento sustentável".
A Senadora Marina Silva, ex-PT e que, ao que tudo indica, será candidata à Presidência do Brasil no próximo ano, concorrendo como candidata do Partido Verde (PV), afirmou, no mesmo evento, que a "economia Verde" apresenta muitas novíssimas possibilidades à Humanidade, até mesmo do ponto-de-vista econômico-social, como a geração de novas carreiras e profissões, novas formas de geração e distribuição de conhecimento e de riquezas, novas oportunidades.
Particularmente, sem aprofundar-me na análise da questão, creio que está mais do que evidente que a Humanidade precisa, urgentemente, repensar o seu papel no Planeta. Até os nossos dias, nós não compartilhamos de suas riquezas naturais: apenas as exploramos. E exploramos de uma maneira pouco racional, desinteligente, eis que assim agimos até o seu esgotamento.
Se assim continuarmos a atuar sobre o nosso "Quintal", como meros predadores, sentiremos, brevemente, efeitos incrivelmente terríveis, além do que podemos imaginar. Ou você já parou para pensar, seriamente, que a água, por exemplo, trata-se de um recurso mineral esgotável? E imaginou, assim, como seria a nossa existência sem água?
Acredito que as crises geram excepcionais oportunidades. E a maior oportunidade nascida na "crise de 2008" é o exercício de reflexão sobre o nosso futuro no Planeta, sobre qual modelo de coexistência pretendemos fazer prevalecer pelos próximos Séculos. É o exercício de pensarmos, talvez pela primeira vez, a longo e longuíssimo prazos, esquecendo-se, um pouco, do dia de amanhã.
Se a tal "economia Verde" for capaz de nos ensinar um futuro melhor, mais lógico, menos predatório, de relações humanas mais verdadeiras e menos complexas, de desenvolvimento intelectual, moral e econômico, de respeito à Natureza e de coexistência pacífica e racional com todos os seus recursos postos à nossa disposição, que este ideal venha com força e se instale em cada um de nós!
Que a "Alternativa Verde" se transforme em "Realidade Verde". Por uma Humanidade melhor e mais evoluída. Por um futuro mais limpo. Em todos os sentidos.

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