segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O refúgio da alma.

Nos atribulados e agitados dias de hoje, é cada vez mais corriqueiro nos depararmos por aí com almas verdadeiramente "perdidas". Não me refiro àquelas que teimam em realizar atos que mais se aproximam do suicídio, como alguns vícios "pesados"; refiro-me àquelas que não amam. Essas sim as realmente "perdidas".

O amor, em sua plenitude, é o refúgio da alma. O local predileto dela. Onde ela gosta de passar os seus fins-de-semana de Verão.

Quando nos deparamos com essas tais almas "perdidas", logo percebemos: é fácil notar quem ama. Assim, por exclusão, quando cruzamos com as que não amam, damos de cara com estas tais...

Quem ama sorri. Sorri para a vida. Dá risada à toa. E assim faz por que está Feliz. Deste modo, podemos concluir que quem está Feliz já conseguiu fazer com que a sua alma encontrasse seu amor, encontrasse o seu refúgio.

As almas "perdidas" morrem de inveja das almas "encontradas"... ou você nunca ouviu alguém dizer: "Aquela pessoa está rindo à toa, apaixonada, parece uma idiota!"

Pura inveja, já que as almas "encontradas" são capazes de mudar o ritmo do dia-a-dia. E se possuem tal poder, podem, certamente, mudar a História. Quantas músicas maravilhosas, livros inesquecíveis, o Homem já não promoveu por amor?

Mas as almas "perdidas" também são capazes de mudar o rumo das coisas... Mas de maneira pejorativa, nunca positivamente. A inveja é, verdadeiramente, um sentimento dotado de força, de expressão, cujo único antídoto é o amor: ignorar os invejosos é um ato de amor. E essa atitude cria tamanha irritação nessas "tranqueiras" (os invejosos) que eles se esquecem da inveja...

Um dos "modelos" de alma mais perigoso é o das almas que estavam "encontradas" e que, de repente, tornam-se "perdidas". Nunca é fácil tratar o sentimento da perda do amor. Mesmo a dor de perder um "amorzinho" é ruim. Imagine, então, a dor de perder um "amorzão"?

Quem já viveu essa experiência, atesta: dói no peito! E essa dor, se não for bem administrada e tratada, se transforma em um perigo só! Tem gente que até, por conta dela, é capaz de matar...

Mas o melhor jeito de tratar desta dor é com carinho: doses cavalares de carinho na alma, administradas 3 vezes ao dia, apaziguam essa sensação; e logo, logo a alma torna-se capaz de amar novamente! Acreditem!

Quando você perceber que está rindo por nada e que acha o piar dos passarinhos mais bonito que uma música romântica, acredite: a sua alma, meu caro, encontrou o seu refúgio!





quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mafiosos ou Anarquistas?

A polícia italiana iniciou, nos últimos dias, uma grande operação com o intuito de evitar que o projeto de reorganização da máfia siciliana atingisse seus objetivos. Foram realizadas mais de 90 prisões. A mais importante teria sido a de Gaetano Lo Presti, sujeito que, segundo as Autoridades Italianas, estava à frente desta empresa. Lo Presti foi encontrado enforcado em sua cela. Segundo as versões oficiais, teria se suicidado. A imprensa internacional, com interesse, noticia tal fato. Contudo, sem explicitar as razões do fenômeno inominado "Mafia", tão presente em nossos cotidianos. Muito mais do imaginamos. A organização mafiosa teve início na Itália do Século XIX, enquanto o País verdadeiramente tentava se organizar politicamente. Vigorava, no interior italiano, especialmente no seu Centro-Sul, menos desenvolvido, o modelo latifundiário, com a concentração de terras nas mãos de poucas famílias. Com as constantes confusões geradas, naturalmente, por um "quase-forçado" processo de unificação e geração de um governo central único, era comum a ocorrência de saques e roubos de gados e pertences dos latifundiários. Criaram-se, à época, os genes do que hoje compreendemos como máfia. Grupos armados foram formados muitas vezes pelos próprios latifundiários para protegê-los dos saqueadores. E cada grupo destes recebia por seus trabalhos, muitas vezes em pequenas parcelas de terras pertencentes a estes latifundiários. Com a evolução do próprio contexto social italiano, muitos destes meros "prestadores de serviços", tornaram-se proprietários rurais ou comerciantes nos Centros Urbanos mais próximos. Perceberam, então, que poderiam "dominar" aquelas localidades, assim como dominavam a questão da segurança. Uniram-se e passaram a cobrar, também, pela segurança prestadas aos comerciantes. Nasciam, assim, as primeiras organizações mafiosas. Contudo, possuindo terras e pontos importantes de comércio, os mafiosos tiveram a percepção de que já não eram apenas mais um grupo armado: transformaram-se em verdadeiras empresas. De maneira extremamente hábil, organizaram-se e "profissionalizaram" a sua atuação. Dividiram-se em grupos, "famiglias", que deveriam respeitar um determinado ramo e território de atuação, jamais podendo invadir os indicados às outras "famiglias". Perceberam que seria relevante participar das atividades estatais, pois somente assim influenciariam na tomada de decisões estratégicas, tão importantes para a manutenção das "famiglias". Um fenômeno que iniciou-se de maneira concentrada, na Região da Sicilia, tomava conta de outros pontos da Penísula Itálica a esta época. Formatou-se, assim, a "Cosa Nostra", que, em verdade, não se trata da "máfia siciliana", como afirmam hoje alguns jornais e jornalistas; trata-se, sim, da entidade máxima da Máfia Italiana, denominada "Honrada Sociedade da Cosa Nostra", sob a qual atuam as "famiglias" 'Ndrangueta, na região da Calabria e de Reggio di Calabria; a Camorra, na Campãnia e Napóles; e a Sacra Corona Unita, em Puglia e Bari. O objetivo máximo das organizações criminosas é desrespeitar as normas, as leis. Esse comportamento é típico da Região mais ao Sul da Itália. Alguns sociólogos até hoje afirmam que se trata de um fenômeno comportamental que teria, certamente, gerado a aceitação às ações mafiosas. O fato é que todas as organizações mafiosas querem atingir uma única vítima: o próprio Estado. É comum a todos os mafiosos a rejeição ao Estado. Para os mafiosos, é improvável que uma mesma teia legislativa possa servir a todos os indivíduos. Atualmente, para "fortalecer-se" nessa sua "luta" em face do Estado, a Mafia atua na proteção, em diversas atividades estatais, com a influência sobre o funcionalismo, no contrabando, na pistolagem ou, modernamente, "permuta de assassinatos" e no tráfego de drogas e de pessoas. Atuando em tantos ramos da atividade humana, fica fácil compreender porque muitas instituições financeiras e políticas internacionais são, de fato, controladas pelos mafiosos. A Mafia não é um fenômeno somente italiano, existindo na Rússia, na China, na Colômbia e em tantos outros Países organizações similares e que, em verdade, são associadas à "Cosa Nostra". Segundo informações da Interpol, "famiglias" são mantidas pela "Cosa Nostra" na Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Grã-Bretanha e Brasil. Sempre com uma única justificativa: manter a luta em face do Estado ativa e fortalecida, dominando os pontos globais de interesse para a organização. Não estou, aqui, exaltando ou criticando as entidades ou organizações mafiosas. Apenas as analisando. Deixo a critério de cada um dos leitores deste texto o julgamento mais adequado aos fatos. O que não podemos ignorar, no entanto, é que desde o Século XIX, quando criadas, são as "famiglias" as únicas entidades sociais que possuem força para enfrentar o status quo ante, o stabilishment. Paradoxalmente, é a "Cosa Nostra" tremendamente organizada, exigindo de seus membros o cumprimento rígido de um "código de honra", onde prevalecem dogmas como jamais tocar nas mulheres de outros mafiosos, não patrocinar a exploração da prostituição, agir séria e corretamente no ambiente social, guardar sigilo absoluto sobre a instituição, jamais apresentar-se sozinho a outro mafioso (para análise, pelas partes, das parceirias), dentre outros. O batismo de sangue dos mafiosos realmente existe, onde o dedo indicador da mão utilizada para atirar é perfurado em sua ponta, fazendo com que jorre o sangue que encharcará uma imagem santa, em seguida incendiada. Tudo para lembrar a "rigidez moral" da organização e para que os iniciados se lembrem que se romperem o seu juramento, também serão incendiados. A mensagem é clara. Em suma, é a Máfia uma entidade que possui uma latente dificuldade de se submeter às Leis, adotando uma postura quase-Anarquista. É odioso o envolvimento moderno das práticas mafiosas no tráfico internacional de drogas e pessoas. Mas a Máfia não é só isso. É muito mais, controlando o jogo, o setor hoteleiro internacional e boa parte do sistema financeiro global. Resta a nós, reles mortais, analisar de que lado queremos ficar. E nessa eleição, deveríamos levar em conta que modelo de sociedade desejamos compor.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Será possível ser feliz e "normal" vivendo em uma Metrópole?

Sou paulistano. Nascido, portanto, na Capital do Estado de São Paulo, cidade homônima. Nasci em 1975, durante o auge (se é que existiu) da Ditadura Militar, instalada em 1964. Obviamente não me recordo, mas contam-me que a cidade, naquela época, era "quase" incrível. Encontrava-se em um processo de modernização, com recentes inaugurações de obras viárias importantes que estavam "revolucionando" o modo de viver, bem como alargando as fronteiras urbanas de São Paulo. As edificações "modernas", os prédios de apartamentos, pipocavam. Construia-se, também, a primeira linha de Metrô, que revolucionaria os transportes coletivos País afora. São Paulo, à época, consolidava a sua imagem de "locomotiva do País". E o crescimento da Capital provocava o mesmo nas cidades mais próximas, as que compõem, até hoje, a denominada "Grande São Paulo". Enfim, viver em São Paulo àquela época deveria ser, comparativamente aos nossos dias, melhor. A Cidade, concentrando recursos e investimentos em infra-estrutura, possuía pouco mais de 1/3 (!?) da sua população atual. Ou seja: em pouco mais de 3 décadas, a população da nossa cidade quase triplicou! E quais grandes investimentos em infra-estrutura foram realizados nesse período para preparar a nossa cidade à atual realidade demográfica? Nenhum. Todas as obras que foram realizadas pelo Poder Público ao longo deste período simplesmente objetivaram adaptar à cidade ao seu vertiginoso crescimento. A rede de esgotos e águas fluviais apenas "cresceu", não se modernizou. A rede elétrica, idem, possuindo o agravante de que apenas pouquíssimos espaços não possuem os famigerados postes... O serviço de coletas de dejetos e lixo permanece a funcionar de acordo com o mesmo plano de ação de 40 anos atrás, através de aterros sanitários que não agregam nada (já existem instalados mundo afora diversas "usinas" de produção de energia elétrica através da decomposição do lixo). As vias de circulação de veículos cresceram pouquíssimo, para um número centenas de vezes maior de veículos emplacados e circulando. Nossa cidade foi, digamos, "abandonada" ao longo dos últimos 30 anos, perdendo, em muito, a sua qualidade de vida, a sua principal característica. Em decorrência desta forma de administração "peculiar", diríamos, verificamos o crescimento das enchentes, dos alagamentos, do processo de favelização, do crescimento da ocupação não-planejada dos espaços urbanos. Hoje, qualquer urbanista, mesmo um recém-formado e sem experiência, atesta: a cidade de São Paulo cresceu, tornando-se uma caótica metrópole. Vivemos, portanto, em meio ao caos. Uma beleza! Será que, se nos fosse permitido escolher, elegeríamos "essa" cidade de São Paulo para viver? Quem nasceu no Interior, seja de SP, seja do País, e vive em São Paulo não deve estar entendendo o escopo deste texto. Sim, é difícil para quem "mais recentemente" foi apresentado à São Paulo acreditar que muitas pessoas escolheriam outras formas de vida, com maior qualidade. Da mesma forma é difícil para os "agitadinhos" acreditar que alguém em sã consciência poderia optar por outra cidade senão São Paulo. para viver. Mas, senhores e senhoras, pasmem: o número de pessoas insatisfeitas com o modo de vida proporcionado por São Paulo cresce, a olhos vistos. Na tentativa de dirimir ou "escamotear" os graves defeitos estruturais de nossa cidade, muitos dizem que não há cidade igual a São Paulo em termos de serviços. Outros afirmam que São Paulo é a "cidade que nunca dorme". Mas, convenhamos: quem precisa assim de tanta oferta de serviços? E desde quando dormir, mesmo que seja pouco, tornou-se um hábito ruim e pouco saudável? Essa "neurose" acabou por tomar conta da maioria das pessoas que aqui vivem. Elas anseiam ser a melhor em algo, assim como São Paulo parece ser. Anseiam não dormir nunca, assim como São Paulo parece fazer. Todavia, basta analisarmos a realidade de nossa Cidade para perceber que ela até pode, de fato, possuir essas "qualidades", mas está doente. E de uma doença fatal. Da mesma maneira que as pessoas que aqui vivem e que se deixam "contaminar" pelo "SP way of life": todas fatigadas, estressadas. E estress, meus caros, mata. Pode não parecer, mas mata. Daí a pergunta que é título do texto de hoje: "Será possível ser feliz e 'normal' em uma Metrópole?". Para muitas pessoas, uma quantidade realmente grande de gente, felicidade de espírito não guarda qualquer relação com calma. Este grupo, "dependente do caos", precisa da bagunça, do trânsito, da poluição atmosférica, visual e sonora típica dos grandes centros urbanos. Seus membros precisam, quase que biologicamente, desta bagunça toda para se sentirem realizados, vivos. Eu invejo essa gente, confesso. Por que não consigo ver beleza alguma em permanecer quase que 1/3 das horas que passo acordado preso no trânsito, por exemplo. Também não vejo beleza alguma naqueles nojentos Rios Tietê e Pinheiros, verdadeiros pinicos ao céu aberto. Também não curto andar pelas ruas e sentir o fedor das calçadas, esbarrando em gente que brotoa sabe-se lá de onde. O único momento de felicidade que tenho ao viver em São Paulo é quando me dou conta de que a franca miscigenação e convivência entre as mais variadas raças é plenamente factível. São Paulo é formada por uma mistura de tudo com todos. E isso, sim, me agrada. Pois nada é tão repugnante do que o preconceito, em qualquer de suas formas. Contudo, lanço um desafio a vocês, meus amigos e amigas leitores: quem, ao viajar, jamais conheceu um outro lugar que não São Paulo e chamou-o de "mágico"? Isso se deu, meus caros, em razão do desagrado que São Paulo, em algum ponto, lhes causou ou ainda causa. Em minha opinião, até seria possível sermos felizes em Metrópoles. Mas esse modelo de concentração de tudo em um único local a quem interessa? Será que nosso Estado e, consequentemente, nosso País, não atingiria outro patamar de desenvolvimento se tivéssemos, por essas bandas, ao invés de uma São Paulo, outras 50 "menores São Paulo", espalhadas em suas cinco regiões? Não estou me referindo à cidades nanicas. Me refiro à outras 50 São Paulo de, no máximo, 500 mil habitantes. Me refiro, portanto, a 50 outras Ribeirão Preto espalhadas pelo País. Seria péssimo, não é mesmo?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

As impressões que tenho de você, Vida...

Fui apresentado a você, de maneira rasa e superficial, logo que nasci. Já sabia, antes, sobre a sua existência, pois a sentia. Contudo, como me encontrava em um aperto úmido, não era possível ter a melhor das impressões sobre você. Pensava: "Se isto é vida, estou ferrado!".

Nasci e você se fez presente na dor angustiante que senti, naquele exato instante, em meus pulmões. Uma dor infernal! Ao abrir meus olhos, fui cegado pela intensidade das luzes artificiais que iluminavam aquele local. Pensei: "Se isto é vida, estou lascado!" Chorei.

Após aquele ato solene do nascimento, fui, paulatina e gradualmente, apresentando-me a você. Ou foi ao contrário? Não tenho certeza. Mas estou certo que, nesse caso, a ordem dos fatores realmente não altera o produto...

Enfim, fui crescendo e você, Vida, foi deixando de ser uma desconhecida para tornar-se uma presença. Você nunca deixou de se apresentar a mim... A cada vitória, a cada perda, a cada vida nova que surgia, a cada desaparecimento. Ensinando-me, em cada uma destas ocasiões, as sensações de alegria, de tristeza, do beijo, do amor, do espanto. A cada nova situação vivida, uma nova emoção você me apresentou.

Por tantas vezes tentei te dasafiar, por não concordar com o seu didatismo. E por quantas vezes fui vencido por você? Em todas!

Foi você quem me ensinou, e que permanece me ensinando, o valor da palavra. Assim como o fato de que muitas palavras não expressam valor algum.

Você ainda tem uma longa jornada pela frente, Vida, pois rogo que a nossa convivência ainda perdure por muito tempo. Mas nesta etapa da minha vida, a impressão que já formei é que você é pura magia!

Você, Vida, é maga, bruxa, mágica, misteriosa, deliciosa, delirante, abundante, vigorosa, enebriante, corajosa, extenuante e revigorante ao mesmo tempo!

Espero que no "final", quando finalmente nos encararmos, possa identificar a sua verdadeira face e bradar: "Muito, muito obrigado!"


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sabedoria

Muitas pessoas buscam, durante a longa jornada de suas vidas, acumular o maior volume possível de conhecimento. Lêem sobre quase tudo, absorvendo todo e qualquer tipo ou espécie de conhecimento. Propositalmente, sequer filtram essas informações. Em suas verdades, acreditam piamente que sabedoria guarda relação com conhecimento. Crêem que as pessoas consideradas "sábias" assim o são em razão do acúmulo de informações, o que, em tese, as prepararia para qualquer situação imposta pela Vida. Modesta e humildemente, creio que uma coisa não guarda qualquer relação com a outra. Já conheci pessoas que cursaram as melhores Universidades, concluíram seus estudos de Pós-Graduação, tornando-se até Doutores, que falam três ou quatro línguas , mas que não possuem um único fio de cabelo de sabedoria. Assim como conheci gente matuta, aqueles tipos do interior, de chinelo nos pés e chapeú de "páia" na cabeça, que são tão sábias que se parecem muito mais Doutores do que os próprios Doutores. Ao conversar com o "Doutor" e ao "prosear" com o matuto, a diferença entra ambos ficava latente. O primeiro achava que sabia tudo, absolutamente tudo. Especialmente sobre a carreira que havia abraçado. Já o segundo, por sua vez, analisava tudo e a todos para, então, tecer algum tipo de comentário sobre algum questionamento de minha parte. E sempre terminava as suas colocações saudando ou a Deus, ou à Natureza, como verdadeiros "senhores da sabedoria". O primeiro sequer possuía alguma religiosidade ou misticidade. Como explicar tal ilogicidade? O mistério do que vem a ser sabedoria não é nada moderno. Platão já tentava definir sabedoria através da seguinte afirmação: "A sabedoria consiste em ordenar bem a nossa própria alma". Para o mestre grego, portanto, a sabedoria real adviria da organização de nossos anseios, nossos desejos, do auto-conhecimento, não do conhecimento sobre qualquer coisa externa. Primeiro, para Platão, deveríamos nos conhecer para, somente após, buscarmos conhecer os outros e o Mundo ao nosso redor. Galileu Galilei, já mais proximamente, definia que "A maior sabedoria que existe é conhecer a si mesmo", tentando explicitar as palavras de Platão. Particularmente, creio que o auto-conhecimento é a ciência das ciências. Talvez seja muito mais doloroso, penoso, auto-conhecermo-nos do que apreender conceitos de Física, Química e Matemática. É muito difícil depararmo-nos, durante o processo de auto-conhecimento, com os "monstros" que existem dentro de nós! Eu iniciei, motivado por uma determinada pessoa, esse processo de auto-conhecimento há poucos meses. É, assim, uma obra apenas iniciada e sem prazo para terminar. Confesso, sem qualquer receio, que em determinados dias fica muito complicado e doloroso, fisicamente, tratar de questões internas, que habitam o âmago da minha alma. Mas ao expô-las, a sensação seguinte é de clareza, leveza e resignação. Somos criados e educados para sermos "perfeitos". Portanto, admitir que não somos e que existem, dentro de nós, diversos "nós", não é tarefa fácil. Somos todos, intrinsicamente, santos e putos; honestos e desonestos; amigos e inimigos; leais e desleais; bondosos e malígnos, feios e belos. Enfim, somos humanos, contraditórios. E agir como seres humanos, não como "seres perfeitos" é, ao meu sentir, a única e verdadeira sabedoria. Até porque, segundo Diderot, "A sabedoria não é outra coisa senão a ciência da felicidade". Sejamos, então, felizes, reconhecendo quem somos, por que somos e para que assim fomos concebidos! A felicidade decorrente desta ausência de pressão para sermos perfeitos é, sim, sabedoria!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Dignidade

O que, em verdade, significa o termo? Segundo a maioria dos bons dicionários da Língua Portuguesa, dignidade seria "a qualidade de quem ou daquilo que é digno; respeitabilidade; nobreza; elevação dos sentimentos; purdonor; seriedade; honraria; título; posto eminente de cargo elevado; autoridade moral."

Como se percebe, trata-se de um termo complexo, que encarta, em si, outros termos que mereceriam também definição. Definir o que é dignidade, portanto, vem a ser tão ou mais difícil do que agir condignamente.

Dentre todos os termos que visam determinar o que seja "dignidade", destaco dois: nobreza e autoridade moral. A mim, especialmente, agir com dignidade significa atuar com nobreza. E agir com nobreza não é, deveras, uma tarefa das mais fáceis. Elevar seus pensamentos, seu espírito, suas atitudes, perdoar. Poucos são capazes te tais atos e essa é a verdadeira autoridade moral.

A autoridade moral que costumo respeitar, portanto, não é aquela típica dos "senhores da razão". Esses, aliás, procuro evitar, repulsar, pois os que se acham sabedores de tudo e sobre todos são, em verdade, imbecis completos. A vida é, naturalmente, uma ferrenha e contumaz Mestra, nos ensinando a viver a cada dia. Como pode alguém, ainda no curso da vida, sem esgotá-la, achar-se conhecedor de tudo, "senhor da razão"? A esses imbecis deveria ser impingida uma drástica pena, tal qual VIVER. É; viver. Deve ser sobremaneira doloroso a uma pessoa com este perfil viver e aprender, a cada dia, um fato novo quando se achava sabedor de tudo...

Por mais que tentemos, acredito que nobreza, por seu turno, não se explica. É sentida, percebida. Tive a fortuna de conhecer, até hoje, muitas pessoas nobres. Nenhuma delas é nobre em razão de algum título, tampouco pelo que possuem. São natural e espontaneamente nobres. Erram e reconhecem seus equívocos. Perdoam a si mesmos e aos outros com certa facilidade, fluidez. Adoram a dádiva de viver e aproveitam tal com uma saudável e cativante intensidade. Não precisam de bebidas, drogas ou outros alucinógenos para compreenderem como é maravilhoso o presente divino da vida. Se bebem, se drogam ou alucinam, o fazem por que querem, e não por querer transformar a vida em algo ilusório e inatingível!

Essas nobres pessoas que conheci, sem excessões, são e serão, sempre, dignas.

A busca pela mínima dignidade demanda de um fato: não se esqueça, jamais, que a máxima dignidade advém do respeito. Aprender a respeitar, a tudo e a todos, é buscar a dignidada.

Não sou digno, certamente, ao ponto de poder ensinar alguma coisa a quem quer que seja. Mas sou suficientemente digno para lhes rougar: não se esqueçam de suas Histórias de vida. Respeitem-nas. Agindo assim, estaremos cada vez mais próximos dos dignos e dos nobres.







segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O cara (versão 2008)

Sabe aquelas pessoas que estranha e naturalmente chamam a atenção? Tenho certeza que você já se deparou com alguém assim. E tenho certeza que quando foi, por curiosidade, pesquisar quem seria aquela pessoa, se deparou com histórias incríveis, sejam familiares, sejam profissionais.

Estas pessoas possuem um magnetismo típico, que não está disponível a todos nós. A nós não é permitido adquiri-lo nas prateleiras dos Supermercados. São pessoas iluminadas, daquelas que chegam chegando: uma festa repleta de gente pode até estar ótima, alegre; mas quando um destes seres adentra no ambiente, todos são magicamente compelidos a reparar naquela aparição.

Uma vez, tive a sorte de conhecer alguém assim. Era incrível e ilógico o magnetismo, a atração que essa referia pessoa produzia e exalava por todos os póros. Você poderia estar sozinho ou rodeado de gente bonita e interessante. Mas sempre era compelido a buscar aquela pessoa no meio da multidão. Eu observava, viciadamente, o gestual, a sua figura. Não eram, realmente, os elementos exteriores que o transformassem naquele ser tão entusiasmante.

Definitivamente eram os seus predicados inatos que conferiam àquela figura um ar de "diferenciamento". Todos, absolutamente todos, queriam estar perto dele, como se precisassem de sua presença. E como precisavam! Fisicamente, essa pessoa não era diferente de quase-ninguém. Um brasileiro típico, fruto da miscigenação de raças. Percebia nele caracteres de índios, portugueses, espanhóis, negros. Não era alto. Mas tornave-se um gigante em meio à multidão. Eu, um reles mortal, ficava estupefato com tamanha capacidade. Era, o tal, um sujeito realmente interessante.

Fiquei, confesso, até com certa inveja. É, inveja. Explico: o local onde habitualmente encontrava-me com o tal "cara" era frequentado, especialmente às quintas-feiras, por mulheres resplandecentes. Verdadeiras beldades do sexo feminino, de todas as raças, tamanhos, formas, credos e cores frequentavam aquela localidade. Mas ninguém, homem ou mulher, conseguia fazer frente à atração despertada pelo "cara". Já quis, em determinada fase da minha "carreira", ser tão requisitado quanto o "cara" pelo sexo feminino... era um tal de acenos, gracejos, risadinhas... inveja.

Naquela data, estávamos eu e o meu bom amigo Careca, sentados em um canto obscuro do local a observar o "cara". Estava tendente, até, a escrever uma tese-livre de sociologia/antropologia sobre o tal sujeito. Era incrível como ele, naturalmente, atraía os olhares e atenções das pessoas que ali se encontravam. Nem mesmo se estivesse pelado conseguiria fazer frente ao tal "cara"!

De repente, não mais que de repente, o "cara" direcionou o seu olhar para a nossa mesa. Por alguns segundos, congelei. Não era possível que eu, um simples e reles ser humano, houvesse chamado a atenção do "cara". E o Careca, então... bom, ele é careca. Mas estava, de fato, ocorrendo algo diferente, pois o tal "cara" iniciou, com seu andar firme e decidido, uma trajetória em linha reta, direta, à nossa mesa. Ele poderia ter optado por serpentear, florear o seu caminho Mas não: somente o "cara" teria tanta corajem moral para escolher a linha reta como sua trilha, a mais curta!

Era, realmente, o "cara" se aproximando de nós dois! Ao se aproximar de nossa mesa, de inopino, ele nos questionou: "Posso servir mais uma gelada aos senhores?". Com os olhos arregalados pela surpresa e após um sinal de positivo extremamente sincronizado, em razão da tensão, observei-o despejar em uma tulipa extremamente gelada (tão gelada que poderia fazer um pedaço de minha pele ali grudar), aquele líqüido amarelo-ouro, extraído de uma alquimia realizada a partir da cevada e do lúpulo, com uma espuma densamente alva e dona de uma cremosidade ímpar, dizendo ao Grande Careca: "É meu amigo... esse é, realmente, o 'cara'!"

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Schoedl, uma menina bonita, um jogador de basquete e uma pistola automática.

Sei que quem ler esse texto ficará, até certo ponto, com "raiva" desse humilde escriba... Ontem, dia 26 de novembro de 2008, o tal Promotor de Justiça THALES SCHOEDL restou, à unanimidade, absolvido pelo TJ Paulista da acusação de homicídio qualificado, que lhe era imputada. No dia 30 de dezembro de 2004, o tal Promotor estava acompanhado de sua então namorada retornando da "balada", pelo que consta. Foi abordado por um grupo formado por cinco jovens, ao que consta. Os jovens, não sei precisar, parece que resolveram verbalizar certas "gracinhas destinadas à namoradinha do tal Promotor. Dentre estes jovens "inteligentíssimos", estava DIEGO MENDES MORADEZ. Ao que consta e segundo nos conta a Imprensa, DIEGO era um jovem fisicamente portentoso, jogador de basquete. E ao que consta, o tal Promotor é um nanico, assim como eu, não devendo passar de 1,75 m de altura. Iniciada a "confusão", o jovem portentoso DIEGO, ao que consta, se encorajou a elevar o tom das "gracinhas". E o tal Promotor, acuado por um cara de quase 2 metros de altura, acompanhado de "amigos", resolveu disparar toda a sua pistola automática em direção dos "inteligentíssimos" jovens provocadores. Por si só, essa história já é uma tragédia. E é trágica em diversos aspectos. O mais grave, logicamente, é o que dá conta de que DIEGO faleceu ao ser atingido duas vezes por projéteis que saíram da arma do tal Promotor. Mas outros não podem deixar de ser analisados. Primeiro, a ausência total e indefensável de "freios" por parte do grupo de "inteligentíssimos" jovens que cercaram e provocaram o tal Promotor. A jovem namoradinha que o acompanhava, bonita, linda ou deliciosa, tanto faz, estava, senhores e senhoras, acompanhada pelo tal Promotor. E era, ao que consta, sua efetiva namorada, assumida, publicamente. Assim, naquele instante, o tal Promotor acabou sendo "atacado" em duas esferas, ao menos: como seu "namorado", tinha a obrigação moral de defender fisicamente a tal beldade e, também, defender a sua "honra" ofendida pelas "gracinhas" dos jogadores de basquete. Segundo ponto: o tal Promotor demonstrou, nessa situação, um "equilíbrio" típico dos homens de negro? É evidente que não. Primeiro ponto: o que um tal Promotor de Justiça, mesmo que jovem e bem-sucedido, estava fazendo em uma "baladinha" na tal Riviera de São Lourenço? Alguns cargos públicos, meus caros, exigem sacrifícios além da normalidade. Não é cabível que um Juiz de Direito, jovem e bem-sucedido, seja flagrado na "baladinha" bebendo e se divertindo até altas horas. Por que seria a um tal Promotor? Não pretendo apregoar que os jovens bem-sucedidos que ultrapassam as diveras e difíceis etapas de um concurso público para a Magistratura ou para o MP devam se tornar "chatos de galocha" no dia seguinte de seus empossamentos. Apenas acredito que tais cargos públicos demandam alguns sacrifícios, entre os quais não se expor. Ao ridículo, especialmente. O tal Promotor nasceu livre, em um Estado Democrático de Direito. Portanto, em querendo permanecer sendo o "boyzinho" da "Turma", deveria o tal Promotor escolher outra carreira, outra profissão, outra ocupação, outro meio de ganhar seu dinheirinho, que não um cargo público de tamanha relevância e que exige enormes e dolorosos sacrifícios. Queria fazer uma festinha, tal Promotor? Queria bebericar algo, tal Promotor? Deveria, por prudência e inteligência, ter feito tudo isso em casa! Convide os amigos! Coloque uma boa música! Compre bebida alcóolica à vontade e, se quiser, tome um pileque! Mas o faça, na medida do possível, reservadamente, sem se expor. A tragédia ocorrida naquele 30/12/2004 foi ocasionada por uma sequência imbecil e idiota de posturas inconsequentes de ambas as partes. E a inconsequência, mais dia, menos dia, cobra a sua cota, levando consigo parcela significativa da nossa tão sonhada tranqüilidade. O tal Promotor foi inconseqüente de início, resolvendo se expor, ir à tal "baladinha" e retornando madrugada adentro com sua bela namorada pelas areias e vias da tal Riviera. DIEGO, infelizmente, também foi inconseqüente, assumindo o risco de gracejar com a tal namoradinha. Encorajado, imbecil e certamente, por seus "inteligentíssimos" "amigos" (todos verdadeiros gênios) e, claro, por seu porte avantajado. Na minha modestíssima opinião, ontem, no tal julgamento promovido pelo TJ Paulista, nós, a sociedade, é que deveríamos ter sido condenados. Somos nós que não educamos nossos filhos a respeitar a integridade e o espaço alheio. Somos nós que "ensinamos" nossos filhos, especialmente, os homens, a serem "machos de verdade", a não levarem "desaforo" para casa... Enquanto continuarmos a agir assim, através desta metodologia desarrazoada de Educar, estaremos a promover outros "casos SCHOEDL" ao longo da nossa história! O resultado de ontem não agradou a alguns, agradou a outros. A mim, não foi surpresa. E não pelo apregoado "corporativismo", segundo a emocionada Mãe de DIEGO. Até porque, as definições sobre "legítima defesa" variam de maneira dramática. Tão dramática quanto o fato em si. Tão dramática quanto a percepção de sermos nós, de fato, os culpados por essa tragédia. A pena que everia ter sido imposta pela inconseqüência assumida por DIEGO, foi-lhe aplicada instantaneamente, com a sua morte. A pena que deveria ter sido impuntada ao tal Promotor, não seria a de prisão, mas, sim, de afastamento incondicional e irrecorrível das funções públicas assumidas pelo mesmo. Se ele, para o TJ Paulista, foi culpado pelo homícido, tando agido, no entanto, em "legítima defesa", certamente foi culpado, sem nenhuma atenuante ou elemento que afaste a sua punibilidade, de não saber se portar como a sociedade exige de um membro do Ministério Público. Por essa razão, sim, deveria o tal Promotor suportar penalidades.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amigos, amigos...pupilas à parte...

Alguém não conhece Oscar Wilde? Caso você, amigo ou amiga, esteja acometido deste mal de tamanha monta, peço, por favor, cinco a dez minutos de sua atenção. Leia o texto abaixo, escrito pelo dramaturgo, poeta e escritor irlandês (1854-1900). Suas idéias controversas foram motivo de longas e quase-sempre inquietantes análises. Por sua condição de homossexual, Wilde foi perseguido e atacado no Reino Unido vitoriano. Chegou a ser preso, humilhado publicamente. Mas a sua genialidade, enfim, restou reconhecida. Ele é autor, dentre outras, de idéias como a seguinte: "Sou contra os noivados muito prolongados. Dão tempo às pessoas se conhecerem melhor, o que não me parece aconselhável antes do casamento"; "Se alguém diz a verdade, pode estar certo de que será descoberto, mais cedo ou mais tarde."; ou, ainda: "O maior castigo que o destino aplica ao homem casado é ver que sua mulher sempre acaba por se parecer com sua sogra." (rs).

Wilde era um provocador. Incrível, ferino e competente em sua escrita contundente. Escrevia e propalava idéias e pensamentos que muitos sabiam, mas não tinham capacidade e coragem de expor.

O texto que se segue expõe, em parte, mas importante, a faceta mais humana de Oscar Wilde. tente, a partir de sua leitura, eleger suas amizades através da fórmula proposta. Você perceberá, incrivelmente, como a sua existência será significativamente melhor...(rs)

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Cúpula da ONU.

Amanhã, dia 19 de novembro de 2008, a Organização das Nações Unidas - ONU promoverá um evento em sua sede, em Zurique, Suíça, que está repercutindo mundo afora. Após mais de um ano de obras, será apresentada uma aplicação artística realizada sobre a Cúpula de uma das salas de reunião do prédio-sede da Organização. A arte, do pintor espanhol Miquel Barceló, será oficialmente descerrada na ocasião. Estarão presentes Chefes-de-Estado de todo o Planeta. Mas a polêmica, por óbvio, não está neste fato, mas, sim, no expressivo custo dos trabalhos, mais de US$ 30 milhões. A polêmica ocorre porque a ONU é a mais expressiva organização internacional do Planeta. Todos os Países civilizados a compõem e lutam, como atualmente faz o Brasil, por um assento permanente em seu Conselho de Segurança. E suas ações, sejam de natureza civi-assistencialista, sejam as belicosas, custam centenas de milhares de dólares a cada um dos seus Países-Membros por ano. Nada obstante, a polêmica também reside no fato de que muitos críticos consideram injustificável um gasto de tal monta exatamente no instante da mais grave crise econômica em um Século. O custo total da obra do pintor espanhol Barceló, que já foi comparado, por sua genialidade, a Miró, outro mestre espanhol, foi custeado pelo Governo Espanhol e por empresas daquele País. E a obra em si é tão grandiosa que está sendo apelidada pela imprensa européia como a "Capela Sistina da ONU". Os críticos atestam que não seria cabível que o Governo da Espanha desfrutasse de tal montante em uma obra de arte em um momento de arrocho econômico, onde quase 5 mil postos de empregos são vagos ao dia. Outra crítica apresentada é que foi concedida ao artista espanhol uma liberdade sem tamanho, espelhada em algumas excentricidades, como a contratação de um motorista particular e a contratação de um chef de cozinha espanhol para atendê-lo especialmente. Tudo isso embutido, logicamente, no custo total da obra. Para alimentar ainda mais tal polêmica, tanto o artista espanhol, quanto o Governo daquele País, se recusam a tornar público a parte do montante que diretamente lhe coube. Tirante todos esses elementos, creio que seja importante analisarmos, com clareza, a seguinte questão: qual o preço da Arte? Escrevo de maneira proposital a palavra "Arte" com a sua letra inicial em maiúsculo, eis que me refiro não à obra do espanhol Barceló (sem querer desqualificá-la) mas, sim, à Arte em geral, como expressão das habilidades, angústias, qualidades e caracteres da Humanidade. Se existe um elemento que distingue o ser humano de todos os outros seres animados que habitam a Terra é a sua capacidade de produção artística. Somente o Homem é capaz de expressar suas vontades e seus sentimentos através da Arte. Para o Governo espanhol, criticado pela pujança, a "Arte não tem preço". Mas será mesmo? Fosse assim, não deveríamos ter criado um modelo "capitalista" de gestão dos talentos artísticos. Atualmente, qualificamos pintores, escultores, cantores, compositores, dançarinos, cineastas e quaisquer outros artistas nem tanto pelos seus talentos, mas sim pela lucratividade auferida sobre suas obras. Um dado pintor é "melhor" que outro em razão do valor de mercado de suas telas. Um cantor é "melhor" que outro em razão do volume de CDs e DVDs comercializados. Um grupo de dança é "melhor" do que outros em razão do sucesso de bilheteria de seus espetáculos. E por aí afora, em todos os espectros artísticos. Desse modo, a Arte, atualmente, tem, sim, preço. Não compartilho, de forma alguma, com as críticas oportunistas que estão sendo forjadas em face da obra do espanhol Barceló que será amanhã inaugurada. Basta lembrar, para destruí-las, que se trata de um trabalho que se iniciou há mais de um ano, instante onde nenhum dos "gênios da Economia" atual previa o atual momento recessivo. Mas critico, sim , o fato de uma dada aplicação sobre o teto de uma das salas de reunião da ONU ter custado mais de US$ 30 milhões. Mesmo que se tratasse de uma aplicação de altíssimo custo, utilizando materiais nobilíssimos, ou de altíssima tecnologia, nada justifica, ao meu ver, um valor desta dimensão. Creio que a Cúpula da ONU seja, a partir de amanhã, a mais cara do Globo. Tomara que as cabeças que se reúnam sobre ela também sejam caras à nós, seres humanos, fazendo da ONU exatamente o que esperamos e decidindo por um futuro, próximo, bem mais próspero, igualitário e humanista.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Por que não regulamentar o "lobby" no Brasil?

Segundo o jornal "O Estado de São Paulo", edição de 14 de novembro de 2008, o Governo de Barack Obama, que se iniciará em 20 de janeiro de 2009 nos USA, pensa em restringir ou regular a atuação dos lobistas no cenário político federal, através de análises que serão realizadas sobre as relações destes grupos com as mais relevantes Secretarias de Estado daquele País. Contudo, no corpo de mais de 450 assessores já indicados pelo Presidente eleito dos USA, muitos são ou foram lobistas em algum momento de suas carreiras. Qual a inteligência destas nomeações, que a priore podem aparentar ser contraditórias? Simples: somente pessoas de "peso" nessa área poderão, de fato, apresentar novos paradigmas de atuação. A chamada "indústria do lobby" é regulamentada nos USA através de legislação própria. Não é somente regulamentada, como também é aceita. A ratio deste fato se dá nas origens da Democracia Norte-Americana. Por princípio, os norte-americanos preferem ser representados por determinados grupos que se especializam na defesa de certos interesses ao invés de se exporem. Há mais de um Século, são atuantes no cenário político federal dos USA, por exemplo, o lobby da "indústria do leite", dos "sindicatos", do "mercado financeiro" e de tantos outros setores da economia. Muitos grupos lobistas norte-americanos alcançaram tamanha expertisse em suas tarefas que tornaram-se "transnacionais" do setor. É o caso da Stonebridge International, por exemplo, conceituada organização do setor, atuante em diversas localidades do Globo, inclusive no Brasil. Segundo o site da organização (www.stonebridge-international.com), as áreas de interesse são as "Relações Governamentais", a "Assistência para Investimentos", "Soluções em Conflitos" e "Relacionamento com o Mercado e com Entes Regulatórios". Como se percebe, cuida-se de uma organização altamente preparada para atingir o seu escopo que, ao cabo, é o de representar os interesses de seus contratantes ou clientes. Pessoalmente, não tenho qualquer contrariedade à atuação dos lobistas, desde que esta se dê de maneira organizada, respeite os limites estabelecidos em legislação própria e que jamais infira a Legalidade. Também acredito, de fato, que a regulamentação do lobby possa vir a ser uma tremenda solução para estancar algumas barbaridades e ilegalidades cometidas perante e pelos órgãos de governo brasileiro, em todas as esferas de poder. Quantas vezes, nos últimos anos, vimos "empresários de respeito" algemados nas telas de nossas TVs após a "descoberta" de certas "negociatas" que sempre envolviam algum Ministério, Secretaria de Estado, Casa Parlamentar? Tudo isso se dá por uma única razão: os interesses destes "empresários" acabam por ser "representados" por "pseudo-lobistas" que, em verdade, não passam de trambiqueiros de terno e gravata, irmãos, cunhados, primos, amigos de escola, de faculdade ou vizinhos de pessoas que detenham o Poder. Se o "contato" ou "aproximação" é realizado de maneira "pouco profissional", o resultado só poderia ser este: um "escândalo" atrás do outro. Isso porque quando tais questões não são tratadas com "profissionalismo", sempre "alguém acaba sobrando"... e invariavelmente é "esse alguém" quem procura a autoridade policial, a imprensa ou o diabo que o parta para "denunciar" o "esquema". Acredito que as relações entre os interesses privados e os públicos devessem ser melhor tratadas em um País com as particularidades regionais e setoriais como o Brasil. Eu até ousaria mudar drasticamente, por exemplo, a remuneração parlamentar. Todos sabemos que os nossos parlamentares, sejam vereadores, deputados estaduais ou federais e senadores, representam, direta ou indiretamente, os interesses de determinados setores. E não me venham dizer que isso não ocorre, que os parlamentares representam "o bojo da sociedade, sem privilegiar um ou outro interesse ou setor". Nem eu, nem mais ninguém, cai nessa história hoje em dia. E a prevalecer o modelo atual de "gestão dos interesses parlamentares", jamais saberemos, de fato, quais são os reais interesses de nossos políticos. Se encerrássemos a remuneração dos mandatários dos assentos parlamentares, por exemplo, deixando para as organizações de interesses tal ônus, saberíamos, com clareza, que aquele determinado parlamentar, por exemplo, é um defensor dos interesses da indústria da tecnologia, por exemplo; e que aquele determinado Senador representa os interesses da indústria da construção civil. Não nos importaria o quantum desta remuneração, que seria diretamente tratada entre o parlamentar e estas organizações de interesses. Os cofres públicos economizariam centenas de milhares de reais anualmente, pois manteriam apenas os gabinetes, não os parlamentares; nós, cidadãos, saberíamos com maior clareza quem é quem no "jogo político" e, por fim, extinguiria-se o atual modelo de "lobby", corrompido, corruptor e que somente malfere os interesses de todos, sejam públicos ou privados.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Emoção em preto e branco.

No último Sábado, dia 08 de novembro de 2008, o Sport Clube Corinthians Paulista sagrou-se Campeão Brasileiro da Série B do Campeonato Brasileiro, restando ainda 4 rodadas a serem disputadas. De forma definitiva, foi seputado o martírio corinthiano de ter sido rebaixado à 2.ª Divisão do Brasileirão. Nada contra as equipes que participam desta competição. Mas ficou extremamente evidenciado neste segundo semestre de 2008 que o lugar do Corinthians não é na Segundona. Já havíamos ascendido à Primeira Divisão no fim-de-semana antecedente. Mas isso não bastava. Precisávamos nos retirar da Segundona em "grande estilo". E somente o título da competição seria capaz de fazê-lo. Muitos corinthianos sentiram-se divididos: não sabiam se comemoravam ou não o título conquistado neste Sábado. Quando perguntado sobre o assunto, respondi o que a mim parecia óbvio: nós corinthianos não temos que sentir qualquer vergonha pelo título da Segunda Divisão do Brasileirão; vergonha maior foi o rebaixamento ocorrido no ano anterior e o desejo de comemorar ou não tal título deve ser respeitado, mas eu comemorei. Mais do que comemorar, chorei. Quietinho, no meu canto. Mas chorei. E esse choro foi daqueles que verdadeiramente aliviam. Durante quase 1 ano, suportei todas as emoções que poderiam advir do fato de ver o meu grandioso Corinthians disputar a Segundona. E tais emoções, acreditem, foram muito mais doídas do que os gracejos realizados por Palmeirenses, São-paulinos, Santistas e afins. Eles estavam em seu direito. E o futebol foi concebido exatamente para que essa inteiração entre diferentes ocorra de maneira sadia. E as brincadeiras, gozações, são, se respeitados os seus limites naturais, até estimulantes. Mas nada se comparou ao inferno interno que vivi durante todo esse período. A participação na Segundona foi surpreendentemente bem-administrada pelo Corinthians. Sem dramas ou traumas, a equipe conseguiu a ascensão e o título, deixando para trás todos os oponentes. Mas as emoções que me afligiam jamais foram administradas desta forma. Noites sem dormir, ansiedade descontada em pratos e pratos de macarrão. Tudo isso por que nós, Corinthianos, não torcemos para um determinado time de futebol. A nossa relação com as cores e com os símbolos representados pelo Corinthians extrapolam a mera relação esportiva. Nós somos Corinthianos.; jamais estamos Corinthianos. Não dispomos da facilidade de são-paulinos, santistas e palmeirenses de se despir das vestes logo após o encerramento das partidas. A nossa alma é preta e branca. Quando uma determinada partida se encerra, até podemos tirar as camisetas corinthianas. Mas jamais conseguiremos retirar a tatuagem preta e branca que impregna as nossas almas, os nossos corações. Não fazemos parte de uma torcida. Fazemos parte, sim, de uma raça que compõe de uma Nação, talvez a mais miscigenada e plural do Planeta. E é exatamente aí que reside a "graça" de ser corinthiano. Convivem, sob o manto corinthiano, os mais bem-sucedidos empresários não só do Brasil (esse País vizinho ao nosso), como do Mundo com pessoas absolutamente esquecidas pelo Público e pelo Privado, desprovidas de absolutamente tudo, que verdadeiramente agradecem pela oportunidade de se alimentarem de vez em quando. A Nação Corinthiana é a única no Globo onde estes diversos se transformam em iguais. Não somos capitalistas, tampouco socialistas. Somos apenas Corinthianos, tatuados em preto e branco. Portanto, quando o S.C. Corinthians Paulista foi rebaixado à Segundona no ano maldito de 2007, não rebaixaram um clube ou um time de futebol: rebaixaram uma Nação. Em verdade, tentaram. Nos últimos meses, nossas Armas se prepararam para a Guerra do Retorno. Durante o primeiro semestre, disputamos algumas batalhas. Perdemos todas. Quase vencemos a da Copa do Brasil. Mas como ainda encontravamos feridos, não tivemos forças para suportar o Leão do Norte. Nesse segundo semestre do ano-santo de 2008, refizemos nossos batalhões. Reforçamos nossas trincheiras e, com folga, vencemos a derradeira batalha, vencendo, portanto, a Guerra. Destruímos nossos oponentes, que contavam, ainda, com a torcida de alguns certos "adversários". Mas mesmo com todas essas forças e "pragas" atuando contrariamente, o preto e branco preponderou! A Nação Corinthiana não somente retorna ao seu território de Direito, como brada, aos quatro ventos, "É Campeão!!!!".

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A vitória de Obama representa toda a esperança alardeada?

O dia 04 de novembro de 2008 entra para a História. Independentemente de nossas nacionalidades, crenças religiosas, filosóficas ou políticas, deu-se, nesta data, um fato verdadeiramente histórico. Milhões de cidadãos norte-americanos compareceram às urnas e elegeram, com ampla maioria, um homem descendente de negros para a Presidência dos EUA. Isso significa que o País mais influente do Planeta no último Século, e que pretende estender esta liderança no Século XXI, será presidido, comandado, por um homem que diretamente descende de um negro africano. Seu pai era queniano. Barack Hussein Obama, Senador pelo Estado norte-americano de Illinois é o nome do "dono" desta façanha. O fato, de per se, já seria suficiente para entrar, com peso, nos anais da História. Um País onde até pouco mais de 40 anos os negros eram obrigados a andar em lados opostos aos dos brancos nas calçadas, a utilizarem bebedouros distintos, elege um cidadão negro para comandar a nação, demonstrando todo o poder de transformação que a sociedade norte-americana dispõe. Mas esse 04 de novembro de 2008 não entra para a História tão-somente por tal fato. Os EUA suportam a pior crise econômica das últimas 80 décadas. E como se trata do País mais influente do Globo, os efeitos desta crise repercutem, com tentáculos que parecem não terem fim, por todas as outras Nações inseridas no contexto da "globalização econômica", modelo de gestão da economia praticamente imposto em razão dos adventos tecnológicos do final do Século XX (como a internet) e das teorias acadêmicas dos pensadores do "livre mercado". Assim sendo, o primeiro negro a comandar o, no mínimo, País mais influente do Ocidente, recebe a cadeira presidencial em um momento crucial para a História dos EUA. Durante toda a campanha eleitoral que antecedeu o histórico 04 de novembro, Obama resolveu vestir-se com a bandeira da "mudança". Uma palavra tão singela nunca representou tanto. Para os EUA, a "mudança" pregada por Obama significa direcionar o comando do País em uma direção absolutamente distinta da adotada pelo republicano George W. Bush nos últimos 8 anos. Mas não somente no que concerne aos preceitos políticos muitas vezes distintos enre republicanos e democratas. O novo "trajeto" que deverá ser adotado por Obama tem que levar em consideração as questões econômicas que se apresentam. Não somente para alterar, para melhor, a realidade interna dos EUA, mas para "redirecionar" os caminhos econômicos do Mundo. Internamente, questões como o "sub-prime", as altas taxas de desemprego, os baixos níveis de produção e vendas, os novos parâmetros de controle do mercado de capitais, entre outras, são questões que deverao imediatamente povoar o cotidiano do novo Presidente dos EUA. Contudo, qualquer mínima ação ou movimento realizado por Obama, será analisado e refletirá em todo o Planeta, como jamais ocorreu. O futuro econômico depende das ações que serão realizadas ou coordenadas pelo novo mandatário dos EUA. A "mudança" apregoada por Obama representa, do ponto-de-vista meramente filosófico, um sopro de esperança. Ainda é prematuro afirmar, mas as indicações dão conta de que jamais os EUA elegerem um homem tão avançado e imprevisível como ele para o cargo mais relevante daquela nação. Trata-se de um muçulmano. Por mais incrível que possa parecer, a sociedade americana, decantada mundo afora como "conservadora", foi capaz de eleger um Presidente muçulmano. Mesmo após os ataques terroristas de 2001, que "alavancaram", propositalmente ou não, a reeleição de Gerge W. Bush. Contudo, após todos os festejos e toda a aparente "oxigenação" que a eleição de Obama representa, se faz necessário ponderar se o novo Presidente dos EUA reunirá condições políticas para colocar em prática todos os preceitos que parece representar. O Congresso eleito é amplamente democrata. Isso, em tese, poderia auxiliar Obama a praticar suas crenças políticas. Mas ocorre que mesmo dentro do partido democrata existem tendências menos "avançadas" e Obama, um negro muçulmano, terá que negociar diversos tópicos com os protestantes, novos católicos e judeus que dominam o cenário político de Washington. Externamente, Obama terá que dissolver as desconfianças de Israel, importantíssimo aliado dos EUA em um dos cenários mais instáveis do Globo. Ademais, a Rússia parece recomeçar a "gostar" de utilizar as Armas como instrumento de "persuasão", como no recente caso da Georgia. Hugo Cháves, Evo Morales e Rafael Correa tentam, a todo o custo, desestabilizar o cenário da América Latina. Os árabes nunca estiveram tão ameaçados, em razão do crescimento da "onda ecológica" que traz consigo os "combustíveis verdes", como o etanol. Ao largo, os novos capitalistas indianos parecem dispor de força e capital como nunca antes, expandindo seus limites de atuação e passando a competir com empresas norte-americanas em campos antes impensáveis, como na indústria automobilística. O Brasil, esse eterno "gigante adormecido", parece tender a acordar, em razão do álcool combustível, das novas descobertas de reservas petrolíferas e de empresas globais que se consolidam a cada dia, como a Vale e as pertencentes ao mercado financeiro e bancário. Os desafios impostos a Obama, como se percebe, não são poucos. Tudo isso somado à desconfiança que um qualquer mínimo equívoco na sua administração fará surgir, servindo de combustível aos seus opositores, a maioria conservadores. Que a vitória de Obama neste 04 de novembro de 2008 possa significar ainda mais do que aparenta, unindo o Planeta, politicamente, como jamais visto. Se isso vier a ocorrer, será, certamente, o maior legado a ser deixado pela gestão de Obama.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

On the rocks!

Nos últimos dias, o Mundo passa por uma fase até certo ponto esperada, mas jamais desejada. A tal "Economia de Mercado" parece ruir. Os preceitos econômicos dos últimos 15 ou 20 anos parecem não mais servir. E toda a estrutura de funcionamento da economia global, embasada na mais pura especulação, cai por terra. Em razão do inequívoco sucesso que a tal "Economia de Mercado" obteve nos últimos tempos, uma geração inteira de seres humanos se viu influenciada por seus princípios. Passamos, também, a especular. A especular sobre nós mesmos, sobre as nossas vidas, sobre o que somos, sobre o que gostaríamos de ser. Assim como a "Economia Real" não valeu nem um vintém nos últimos tempos, as "Pessoas Reais" também passaram a não ter valor algum. Valiam, cada vez mais, os papéis de "empresas agressivas", aquelas que "sempre estão buscando as melhores oportunidades". Valiam, cada vez mais, as pessoas "agressivas", os marketeiros de plantão, aqueles que se vendiam como uma coisa, sendo outra, aproveitando todas as oportunidades surgidas. O que importava era a "força de mídia" que uma dada idéia econômica obtinha. Se a mídia, em peso, divulgasse aquela idéia, maiores as chances de que ela "colasse". Como conseqüência, maiores as chances de os seus autores lucrarem com a explosão midiatíca do tema. No universo das relações interpessoais, a mesma "regra" prevaleceu. Mais valia a "força de mídia" que as pessoas pareciam dispor. Valia muito o que a pessoa aparentava ser, como se apresentava ao Mundo, ao invés do que ela realmente era. Enfim, com o término, aparente, da "Economia de Mercado", meramente especulativa, se faz necessário que façamos ruir os pés das mesas das "pessoas de mercado", que atingiram altos cargos de liderança das nossas vidas, globalmente. Precisamos, urgentemente, de líderes reais, de fato. E líderes verdadeiros não são construídos, fabricados, como foram os das últimas duas décadas. Nascem assim, com uma tal aptidão natural. Assim como a "Economia Real", a produção, prevalecerá mais uma vez, precisamos fazer com que os líderes verdadeiros retomem os seus assentos, nos liderando nessa fase de transições. Todavia, a lição sempre começa em casa. Olhe ao seu redor e perceba como você (des)tratou os seus pares nos últimos tempos, em que os princípios da "Economia de Mercado" prevaleceram. Você os tratou como "papéis", analisando, de maneira rasa, o que é mais grave, quais as possibilidades daquele "papél" no tal "Mercado". Retome o valor das pequenas coisas. Não deixe, nunca mais, de se importar com o que realmente importa. Beije a sua esposa, namorada, amante, amiga, o que for, pensando na pessoa, nas suas qualidades, no seu cheiro, no seu toque, no seu carinho. E não nas possibilidades que aquele relacionamento poderia gerar a curto, médio e longo prazo. Beije os seus filhos como o que eles são: apenas filhos! Não como "papéis de resgate a longo prazo", como se eles fossem um determinado investimento. Aproveite o momento de mudanças e reencontre-se, buscando a sua essência. Todos nós temos uma. Encontre a sua, pois esse é momento das grandes transformações. Onde prevalecerá, quiçá, a humanidade.