sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aprendendo com eles.

A cada dia que se passa, mais admiro o nosso Congresso Nacional.
Já faz quase 6 meses: explodiu, na mídia verde-e-amarela, o caso do tal Deputado Federal do "castelo", Edmar Moreira, eleito pelas Minas Gerais. Garanto que até muitos Mineiros nunca tinham ouvido falar do tal Moreira do Castelo. Alguns, mais afeitos ao Samba, já tinham ouvido falar sobre o Moreira da Silva. Mas o Moreira do Castelo era um novidade!
A acusação dava conta de que o tal Moreira, Deputado, teria infringido o código de ética parlamentar (alguém já viu um exemplar deste?), pois teria utilizado praticamente toda a verba de seu gabinete, quase R$ 15 mil/mensais, para arcar com os custos de "auto-contratações" de serviços de segurança...sim, pois o tal Moreira, Deputado, é dono (ou era) de empresas privadas de segurança. Em suma: o tal Moreirão, espertinho, usava a verba de seu gabinete para contratar serviços de suas próprias empresas! Atitude de uma lisura sem igual!
Durante a celeuma, foram instalados os trabalhos (?!?!) da tal Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Para funcionar como Relator do tal caso, foi designado um parlamentar gaúcho, do Rio Grande, Sergio Moraes, que é acusado de envolvimento com uma rede de prostituição, utilização do telefone de seu gabinete para telefonar a serviços de Disk-Sexo....uma verdadeira candura de pessoa.
Durante os tais "trabalhos", o Deputado Moraes, de maneira calma e evidenciando ser dotado de um senso político raramente observado na história da nossa República, respondeu aos veículos de comunicação que estava "pouco se lixando" para as eventuais pressões da opinião pública para uma condenação do tal Moreira do Castelo. Disse mais: que desafiava qualquer jornalista, dando como certa a sua reeleição à casa nas próximas eleições de 2010. Ou seja: um sujeito que evidenciou ter nascido para a prática cotidiana da política.
Os "trabalhos" da tal Comissão continaum até hoje, sem que nada tenha sido resolvido sobre o tal Moreira do Castelo. A tendência é pela sua absolvição, nítida e rasgadamente. Apenas como adendo, durante uma das sessões dos "trabalhos" desta tal Comissão, o tal Moraes (não o Moreira) disse, aos brados, que o Moreirão não deveria se envergonhar de seus atos e que deveria andar pelos corredores da Câmara de Deputados "de cabeça erguida". Até o Moreirão pareceu ter ficado constrangido nesse instante....mas, enfim...
Mais recentemente, outro "escândalo" explodiu no Congresso, envolvendo, desta feita, gente graúda. O Ex-Presidente José Sarney, que começou a sua carreira política no Maranhão mas, depois de 40 anos, descobriu que seu "berço político", em verdade, era o Amapá (?!?!), como Presidente do Senado e, conseqüentemente, do Congresso Nacional, foi acusado de ser sabedor de uma coisa chamada "ato secreto do Senado", através dos quais se podia tudo, quase como em uma festa do cabide. Através destes tais "atos secretos", os Senadores empossavam parentes, davam guarida à amigos e assessores, viajavam, passeavam, viajavam na maionese e em outros lugares...
Enfim, os tais "atos secretos" nos eram secretos, mas não aos nobres Senadores. Especialmente àqueles que se aproveitaram dos mesmos.
O coitadinho do Seu Bigode, quer dizer, do Ex-Presidente Sarney, acabou levando boa parte da responsabilidade sobre os atos de um Diretor-Geral de Administração do Senado, um cara de nome engraçado, Agaciel Maia, só por que teria sido ele, Sarney, quem o empossou ao tal cargo.
Imagine se o Sarney sabia de algo...imagine... isso é intriga, sim, da oposição!
E da mesma forma que foi instaurada a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para investigar (rárá) o caso do Moreirão do Castelaço, foi instaurada uma Comissão de Ética no âmbito do Senado, para apuração (não aparação) do Seu Bigode.
E foi nomeado um Senador Fluminense para presidir os "trabalhos" desta tal Comissão, Sr. Paulo Duque. Da mesma maneira que em Minas Gerais, garanto que muitos cariocas e fluminenses jamais tinham ouvido falar do tal Duque. De outros, como Duque de Caxias, sem dúvida. Mas deste tal de Paulo, não.
Enfim, no transcorrer do último dia 16 de julho, mais conhecido como "ontem", o tal Duque, que não é o de Caxias, disse, também, que pouco se importa com a tal "opinião pública", até por que ela seria manipulável de acordo com os interesses da imprensa.
Outro sujeito que nasceu com uma aguçadíssima sensibilidade para a política, esse tal Duque Fluminense que não é o Caxias.
Enfim, constatamos, após essas cousas que acontecem tão-somente em Brasólia (com "ó", mesmo), que, primeiro, essa tal de "opinião pública" não está com nada perante os nossos lúdicos e hábeis Parlamentares. Coitadinha da "opinião pública"! Só me resta uma dúvida: será que estes parlamentares sabem sobre quem estão se referindo? Será que eles sabem que é a tal "opinião pública" não tem nada a ver, por exemplo, com "opinião púbica"? Eles podem estar se confundindo, né? Vai saber... ainda mais o Deputado do Disk-Sexo, né?
A segunda constatação que nos surge é aquela que dá conta que os nossos parlamentares são seres de inteligência superior, pois detectaram que tudo, no nosso Brasil, é culpa da mídia, da imprensa, que manipula a tal "opinião pública" de acordo com os seus próprios interesses, transformando-a, portanto, em "opinião púbica".
Uma constatação que não pode ser despercebida. Em muitos casos na História das relações póliticas e sociais, a imprensa desempenhou papel decisivo, seja para influenciar positivamente, seja negativamente.
O fato é que a imprensa exerce o papel dela, expondo, em seu espaço, os fatos sociais, políticos, econômicos, esportivos, do cotidiano.
Se a forma como é apresentada a notícia acaba se demonstrando capaz de influenciar um pequeno, médio ou grandioso número de leitores, expectadores ou ouvintes, temos que aplaudir o jornalista responsável por tal feito.
Ocorre, caros Parlamentares, que uma cidadania culta, educada, capaz de compreender o que lê, vê e ouve, é menos influenciável, pois desenvolve o poder do raciocíno, o hábito de pensar, de refletir, para atingir suas próprias conclusões sobre um dado tema.
Dica de um amigo, nobres Parlamentares: os senhores e senhoras não desejam mais tratar com uma "opinião pública" facilmente manipulável pela imprensa? A receita é simples: invistam, pelo amor de Deus, em Educação e Cultura, tornando os nossos brasileirinhos e brasileirinhas cada vez mais capazes de raciocinar!
Nesse caso, já deixo-os de sobreaviso, pois pode ocorrer que muitos de vocês, nobres Parlamentares, não consigam se reeleger aos cargos de Deputados e Senadores. Sim, pois uma "opinião pública" mais culta e capacitada, intelectualizada, normalmente pensa, reflete, antes de votar. E nesse caso, talvez, essa é só uma desconfiança de minha aparte, algumas das posturas ordinárias dos senhores e senhoras, como privilegiarem-se de certos "atos secretos", ou utilizarem os telefones de seus Gabinetes para acessarem serviços de Disk-Sexo, ou, ainda, utilizarem toda a verba de seus Gabinetes para contratarem empresas próprias de prestação de serviços, não sejam muito bem-vistas pela tal "opinião pública", que, aliás, também vota.
Mas os aconselho a analisar a questão sob outro prisma: por todo o sempre, vocês, nobres Deputados e Senadores, que resolveram investir realmente em políticas públicas de educação e cultura, serão lembrados como os homens e mulheres que tiraram a "opinião pública" das amarras dessa malévola imprensa!
Não seria uma louvável lembrança?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Nem sempre acredite naquilo que lhe contarem: há, de facto, um "Golpe" em Honduras??

Meus antepassados, italianos e portugueses, quando advindos de seus territórios lusos e penisulares, se estabeleceram, em sua grande maioria, no Interior do Estado de São Paulo. Deste modo, aderidos aos cosutumes e crenças locais, acabaram por adquirir certos comportamentos, certas premissas. Uma destas é aquela que nos ensina a jamais acreditar em tudo o que nos falam, contam ou nos escrevem. A fugura do "caipira desconfiado" é típica em várias partes do Interior do Brasil, em especial São Paulo e Minas Gerais. Portanto, meus antepassados acabaram por se transformar em "caipiras desconfiados" de São Paulo, transmitindo, geração após geração, preceitos como este, o do "desconfiômetro".
Ultimamente, temos sido bombardeados pela imprensa com reportes sobre um suposto Golpe em curso em Honduras, País da América Central, com aproximadamente 7 milhões de habitantes. Para que se possa realizar uma comparação, a Grande São Paulo possui cerca de 14 mihões de habitantes.
Segundo a história que nos contam através da maioria dos periódicos e telejornais, o Presidente hondurenho eleito, Manuel Zelaya, teria sido deposto pelas Forças Militares Hondurenhas, que teriam atestado que o novo mandante do Executivo, Roberto Micheletti, teria legitimidade ampla de exercício do cargo, até as próximas eleições presidenciais, concedendo-lhe, portanto, sustentação.
Ocorre que a História nunca deve ser narrada de maneira simplista, haja vista os inúmeros anseios e sentimentos envolvidos em qualquer facto histórico. A construção de um dado facto histórico tem, sempre, relação com os seres humanos. E quando se envolve esta espécie, certamente estarão envolvidos inúmeros preceitos racionas, sensoriais e emocionais. Desta maneira, para um mesmo facto histórico, podem advir inúmeras interpretações e análises, decorrentes da complexidade da natureza humana.
Mas como as coisas não acontecem por acaso nesse nosso Mundão de Deus, se faz necessário analisarmos, sempre, quais as razões que estariam intrínsecas na tentativa de simplificação da narração dos factos, sejam estes meramente do cotidiano ou os de relevância, os denominados "históricos".
É evidente que vivemos em uma Era onde o "tempo" parece ser pouco, escasso, para tantas novidades. Com o implemento dos meios de comunicação, depois dos de telecomunicações, e, mais proximamente, com o advento da internet, o volume de transmissão de informações, relevantes ou não, aumentou em franca progressão geométrica.
Deste modo, acabamos sendo introduzidos à "era do sumário", do resumo, pois não há espaço e tempo sufcientes para a ánálise integral e aprofundada da maioria dos temas, em função das inúmeras novidades cotidianas. Será que não há, mesmo? Ou será que não há interesse na realização desta análise?
O caso dos acontecimentos em Honduras é emblemático. A imprensa sumarizou os fatos, por interesse, conveniência ou qualquer outra razão que não nos compete apreciar, fazendo com que os leitores de minuto, aqueles que somente leem as manchetes, compreendessem que está em curso um "golpe militar", quase nos mesmos moldes dos ocorridos em toda a América do Sul nos idos dos anos 1960/70, de triste memória no nosso inconsciente coletivo.
Todavia, os acontecimentos em Honduras não se aproximam de um "golpe militar". Por qualquer ângulo que se aprecie a questão hondurenha com imparcialidade, o que se vislumbra é o estricto cumprimento da ordem legal.
Pode soar estranho tal afirmação, mas os factos estão dispostos no tabuleiro da História. Basta apreciá-los com atenção.
O Presidente Zelaya, eleito legitimamente a partir do franco e irrestrito apoio da "direita" hondurenha, realizou uma verdaderia reviravolta ideológica durante o seu mandato, governando mais "à esquerda", aliando-se, na maioria das vezes, aos tais "ideais bolivarianos" tanto defendidos por Hugo Chaves, Presidente da Venezuela, e que já contaminaram a Bolívia de Morales e o Equador de Correa.
Zelaya realizou um governo populista, de medidas contestadas sob o ponto-de-vista político-social, pois não apresentariam resultados de médio e longo espectro. Para culminar, já que o Presidente Hondurenho gozava de altos índices de aceitação perante as camadas mais simples da população local, Zelaya lançou um plano à imagem e semelhança de Chaves, Morales e Correa: realizar um plebiscito para a alteração de dispositivos constitucionais que impediriam um novo mandato, ou a tentativa de um novo mandato, a reeleição.
Um dos preceitos do ambiente democrático é a baliza do Estado de Direito, capaz de ensejar o surgimento de um elemento primordial ao desenvolvimento das instituições e das relações sociais, a denominada "segurança jurídica". Como os factos históricos servem para o aprendizado, basta analisarmos a História da maioria absoluta dos Países considerados "desenvolvidos" para percebermos a importância da estabilidade das instituições, em decorrência da segurança jurídica, para o alcance do desenvolvimento.
O respeito irrestrido às normas, às leis, é, portanto, premissa à segurança jurídica e à estabilização das relações sociais, rumo a um ambiente desenvolvementista.
Zelaya, assim, tentava, escorado pelo suposto apoio da população mais humilde de Honduras, a reforma da lei máxima, a Constituição, no sentido de favorece-lo.
A oposição ao seu Governo, ativa, intentou perante a Suprema Corte de Honduras, petições requerendo que aquela Corte maior, guardiã da Constituição, impedisse essa tentativa de alteração das normas e que aplicasse as sanções penais insculpidas na própria norma.
Obteve a oposição sucesso em seus pleitos, o que ensejou o facto que dá origem à esta sequência de acontecimentos: a Suprema Corte deu procedência aos pedidos intentados, informando ao Congresso Nacional Hondurenho e às Forças Armadas, como determina a norma, tal facto. Determinou, mais, em restrito cumprimento da lei, que fosse o Presidente Zelaya destituido do cargo pela mão das Forças Armadas e que o Congresso Nacional se manifestasse com brevidade, escolhendo o mandatário de um Governo Provisório, com poderes até o próximo pleito presidencial, em data a ser definida pelos próprios congressistas.
Como se percebe, não ocorreu, jamais, um suposto "golpe militar" em Honduras, mas, sim, a defesa irrestrita da Constituição, da norma, da lei.
Mas quais seriam as razões de a mídia em geral não se atentar ao fato de que o "golpista", de facto, seria o próprio Zelaya, na sua tentativa popularesca de extensão de seu governo?
Você, amigo leitor, amiga leitora, certamente apresentará a resposta a este questionamento. Não compete a mim, o humilde escriba deste blog, analisar a questão de maneira aprofundada. Mas a mim compete, como cidadão, manifestar-me no sentido de expor os meus sentimentos sobre o caso em questão.
Creio, como já escrito nas linhas antecedentes, que nada acontece por acaso. O acaso não faz parte das minhas crenças. E não se esqueçam que uma das possibilidades aventadas pelo PT nos últimos meses é exatamente uma alteração na Constituição da República Federativa do Brasil para permitir que Lula possa concorrer a um eventual terceiro mandato.
Estaria a mídia, a mando do Governo, preparando-nos para essa "eventual" ocorrência, caso a doença da Ministra Dilma Roussef não se estagne conforme o imaginado por seus médicos?
A vocês, amigos e amigas, também competirá esta resposta...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Irmão muito mais que irmão.

O significado do termo "irmão" não faz jus, certa e precisamente, ao real valor, à verdadeira significância da palavra. Segundo o "Dicionário Priberam de Língua Portuguesa" (http://www.priberam.pt), o termo pode ser definido através dos seguintes preceitos: "irmão s. m. 1. Filho do mesmo pai e da mesma mãe. 2. Membro de uma mesma irmandade, confraria ou comunidade religiosa. 3. Título de fraternidade que os homens podem dar-se mutuamente. adj. adj. 4. Igual, semelhante. Irmão carnal ou consanguíneo: irmão (1.ª acepção!aceção). Irmão de leite: colaço. Irmão de pai: aquele que é filho só do mesmo pai. Irmão uterino: aquele que é filho só da mesma mãe.".
As definições apresentadas sem dúvida alguma definem, no mundo real, material e exterior, o termo. Mas, segundo a minha humilde percepção, tais definições não conseguem definir a emoção de ser e de ter realmente um irmão na Vida.
Existem variadas formas de se ter a fortuna de ser e ter um irmão. Existem irmãos que nascem assim como nós nascemos, frutos do amor, e das esperanças de um Mundo melhor, de nossos pais. Mas a História está aí para nos demonstrar, de maneira cabal, que muitos destes irmãos de mesmos pais não são, de fato, reais e leais irmãos.
Existem os denominados "irmãos de Vida", pessoas que surgem em nossas jornadas quando menos esperamos. E assim, de inopino, tomam conta de um farto e amplo espaço dos nossos corações, tamanha a identidade de idéias, valores, compreensões, anseios e crenças.
Verdadeiramente, o que releva é o fato de você ser e ter irmãos. Irmão é aquele que te acalenta, quando necessário, somente com a sua presença. Basta ele estar por perto para que você se sinta mais seguro, confiante e corajoso. É aquele que destina parte do seu dia pensando em como você está, se está indo tudo bem. É aquele que se dispõe a gastar parte de sua energia vital com você. E, convenhamos, isso não é pouco, ainda mais em nosso Tempo, que nos esgota somente pelo simples fato de ter escolhido viver o trânsito, o caos, a desordem de uma grande Cidade.
Irmão, meus caros, é aquele que te ama sem saber por que, haja vista você ser um baita de um chato, metido e ridículo (especialmente os irmãos mais velhos assim são taxados...rs).
Irmão, enfim, é aquele que estará ao seu lado, custe o que custar, mesmo que seja só para sofrer a dor de um determinado instante só seu.
Assim, independentemente de qualquer definição disposta em qualquer Dicionário, Irmão é aquele que você quer que assim o seja.
Hoje, dia 15 de Julho de 2009, aproveito este pequeno e pálido espaço para cumprimentar o meu irmão mais do que irmão, de sangue, de Vida e por afinidade. Sou um sujeito deveras orgulhoso pelo simples fato de o "Cara Lá de Cima" e o Destino terem me feito seu irmão, Fefo. Obrigado por estar ao meu lado sempre. Parabéns pelo seu dia, pela sua trajetória, escrita com força e superação. Que eu e seus outros irmãos, sejam os de sangue, sejam os de Vida, possamos gozar da sua presença por muitos e muitos anos!
E cumprimento, assim, a quem também considero os meus irmãos nessa passagem... a todos vocês, meninas e meninos, obrigado!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Perder a batalha não significa perder a guerra!

Mania de brasileiro: ao primeiro obstáculo, a nossa mente gera uma quantidade sem número de monstros imaginários, capazes de gerar a sensação de impotência absoluta diante de determinada situação.
Pois bem. Como uma sociedade eternamente "em construção", recebemos, geração após geração, o fardo de termos que "dar certo". A cada nova geração de brasileirinhos e brasileirinhas, seus pais, orgulhosos, comentam irremediavelmente: "Esse(a) vai dar certo!"
Mas o que seria "dar certo"? Qual a definição deste verdadeiro "carma"?
Se estivéssemos inseridos em uma sociedade realmente desenvolvida, "dar certo" fatalmente significaria crescer levando-se em conta alguns princípios como honestidade, decência, respeito aos mais velhos, a fortaleza para o enfrentamento de qualquer desafio imposto, dizer, sempre, "obrigado" e "com licença", entender o que significa a tal "ética do trabalho" e, certamente, completar o ciclo educacional, tornando-se, assim, um ser minimamente culto e educado.
Em uma sociedade organizada e razoavelmente desenvolvida, qualquer pai sentiria-se orgulhoso ao ver o seu sucessor alcançar este estágio de evolução e de comportamento. Sim, pois em uma sociedade organizada, com oportunidades para os que queiram aproveita-las, pessoas honestas, probas, decentes, trabalhadoras e educadas, cientifica e humanamente, sempre alcançarão a posição que lhes é reservada para a continuidade do desenvolvimento daquele ambiente social. Normalmente atuarão no mercado de trabalho local, promovendo o desenvolvimento econômico social e próprio, e constituirão alguma forma de família, dando continuidade aquele sistema social. É um verdadeiro "ciclo lógico", onde toda a sociedade atua, em conjunto, como que em um engrenagem.
Mas no Brasil, será que "dar certo" possui este significado?
Com as desculpas de sempre, entre as quais a de que somos "brasileiros", "diferenciados", "criativos", "espontâneos", entre outras, o termo "dar certo" adquire outros contornos em nossa sociedade. Aqui, em todo o canto desta enorme desordem de nome Brasil, "dar certo" significa tornar-se rico, próspero financeiramente, não importa de que forma e através do que.
Para os atuais brasileiros, ver seus filhos "darem certo" significa observá-los, daqui alguns anos, andando em carrões importados, ostentando belíssimos e vultosos cargos, vestir-se com as roupas das grifes e marcas mais famosas. Poucos os pais que se preocupam qual o caminho, e de que forma este deverá ser trilhado, para que seus filhos usufruam de todo este "sucesso".
E desta maneira, questões como ética, educação, cordialidade, respeito, trabalho, honestidade, probidade....caem em verdadeiro desuso.
Obviamente, existem exceções. Famílias realmente devotadas à transmissão de valores sociais relevantes aos seus sucessores. Mas, como a frase já demonstra em seu início, tratam-se de exceções, cada vez mais raras, diga-se.
O "dar certo" no Brasil significa possuir riqueza material em abundância, custe o que custar.
E assim, desta maneira torpe e distorcida, estamos a construir, diariamente, o nosso futuro como sociedade, como nação. E que futuro!
Portanto, antes de criticar algum Senador por ter utilizado de verbas estranhas para viagens ainda mais esquisitas, ou antes de criticar qualquer político por um determinado comportamento que, em tese, não se coadunaria com o cargo ocupado, olhe-se no espelho. Verifique a imagem que surgirá. E analise se esta imagem traz consigo um ser completamente probo, que jamais passou a perna em alguém para atingir um resultado tão pequeno quanto egoísta. Verifique se o ser que surgirá no espelho recolhe todos os impostos que recaem sobre a sua atividade profissional. Analise se o ser ali disposto já conversou com seus filhos, uma única vez, sobre ética, sobre respeito aos mais velhos. Olhe nos olhos do ser que ali surge e questione se ele já desrespeitou alguma norma, crente de que nada ocorreria.
Cada sociedade possui os representantes que merece e o futuro que constroi.
Mas, na minha modestíssima opinião, ainda podemos reverter esse jogo, gerendo gerações que se comprometam com alguns valores que, se aplicados, certamente nos alçarão a uma condição social muito melhor do que a atual.
Basta um pitada de vontade. De boa-vontade. Aliada a uma grande dose de comprometimento. Basta que desejemos e realizemos um novo modelo de sociedade, construindo-a cotidianamente a partir de nossos filhos, transmitindo-lhes valores sociais divergentes dos que atualmente imperam.
Talvez não aproveitemos nada desta "nova sociedade". Mas, certa e precisamente, seremos lembrados como a geração que percebeu os seus equívocos e resolveu reverter o curso das coisas, deixando aos nossos sucessores uma herança bendita: a possibilidade do real e irreversível desenvolvimento social e, consequentemente, econômico.
Estamos no cerne desta guerra, denominada "construção social". Já perdemos inúmeras batalhas. Mas ainda não perdemos a guerra. Basta acreditar.
Eu acredito.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Brasil merece a sua preocupação?

No ano que está por vir, 2010, serão realizadas eleições para as escolhas de Presidente da República, Senadores, Deputados Federais, Governadores de Estado e Deputados Estaduais (ufa!). Caso vivêssemos em algum outro canto do Mundo, poderíamos celebrar as Eleições de 2010 como uma grande "festa da Democracia", pelo número elevado de representantes políticos que serão diretamente escolhidos pela Cidadania. Mas será que temos, realmente, o que comemorar em 2010?
A eleição direta de representantes políticos, no Brasil, da maneira ampla como hoje se dá, é fenômeno recente em nossa História. Mas não podemos, racionalmente, confudirmos tal fato com Democracia, haja vista que esta última extrapola, e muito, as simples eleições.
Democracia é algo, penso, inerente à maioria dos seres humanos, pois estes adoram, se deleitam, com a argumentação inteligente e lógica. O embate de idéias, assim, é o nascedouro da Democracia, pois através deste debate apreendem-se novos preceitos, entre os quais o respeito ao ser humano, à intelectualidade, às idéias divergentes entre si. Sabemos, mesmo que empiracamente, que cada ser humano difere de outro, seja biológica ou psicológicamente. E a franca convivência destes seres diferentes uns dos outros só pode se dar em um ambiente aberto ao diálogo, ao debate, às idéias.
Por força de uma intensa manipulação arquitetada, em sua grande parte, pelos detentores do Poder, o brasileiro é levado a compreender que vive sob a éxige da Democracia. Mas será, mesmo?
Como uma frase que é internacionalmente reconhecida, "o que muda o Mundo não são as respostas, mas, sim, as perguntas...". E nós, brasileiros e brasileiras, sabemos questionar os fatos, as coisas, os acontecimentos?
Durante os anos da denominada "Ditadura Militar", o brasileiro em geral acomodou-se com a idéia de que não he seria franqueado o direito ao questionamento. Ninguém, em sã consciência, gosta de ser torturado. Mas ao término deste período, com o início do chamado "Período Democrático", foi impingida aos brasileiros uma forma de ditadura ainda mais cruel e eficiente, pois que ataca ao espírito: a manipulação de informações para a formação de um dado padrão comportamental.
Hoje, em qualquer roda de bar, os fatos debatidos são sempre os mesmos e esta discussão é levada através de uma "forma universal", que guarda estreitíssima relação com o modo com que estas informações nos são transmitidas. Assim, é comum observarmos, atualmente, calorosas discussões sobre as questões que atinem ao atual Presidente do Congresso Nacional, o Senador José Sarney. Mas alguém debate o por que o Governo Federal determinou que a sua bancada no Senado "apoiasse" ao tal Senador??
Segundo a mídia em geral, a informação do Governo dá conta de que a tal "proteção" a Sarney se deve ao fato de ele pertencer aos quadros do PMDB, aliado do PT na condução dos trabalhos da "base governistas" no Parlamento. Assim, em nome da "governabilidade", seria interessante ao Governo não amolar alguém forte e portentoso dentro do PMDB, pensando-se, já, nas eleições do ano que virá.
Após ler a informação disposta no parágrafo antecedente, você, caro leitor ou cara leitora, acreditou em seu conteúdo? Caso a sua resposta for positiva, preocupe-se...
Deste modo, somos levados à compreensão de que esse tipo de ambiente seja, de fato, um ambiente "democrático", pois à imprensa é dado o direito de questionar as condutas de um tão alto mandatário do Poder e aos cidadãos, o "direito" de ser informado sobre tais acontecimentos.
Mas Democracia se restringe a isso?? É óbvio que não.
Somente conviveremos insertos em uma situação realmente democrática caso resolvamos desenvolver a "arte do raciocínio". Pensar, meus amigos e amigas, não dói, apesar de muitas informações nesse sentido... E somente racionalizando, meditando sobre dadas situações é que verdadeiramente a compreenderemos. Precisamos estancar, urgentemente, essa nossa mania de acrediatarmos, piamente, naquilo que lemos nos jornais e no assistirmos nos noticiários televisivos. Precisamos desenvolver o nosso próprio raciocínio sobre os fatos, a nossa idéia, a nossa própria e autoral compreensão sobre a realidade.
E um indivíduo somente será capaz de assim proceder se for minimamente educado, ao ponto de saber ler e escrever com proficência, podendo, portanto, raciocinar logicamente e interpretar as informações que lhe sejam endereçadas.
Portanto, preocupe-se com o tal "Brasil". Pois se não investirmos maciçamente em educação, jamais desenvolveremos uma verdadeira cidadania, capaz de analisar os fatos e acontecimentos e de não mais ser manipulada pelo Poder em vigor.
Mas se você, assim como eu, não acreditar mais nesse tal projeto de nome "Brasil", inicie, urgentemente, a propagação de seus ideais, sejam eles quais forem. É assim que, talvez, salvemos esse projeto mal-acabado de nação e de povo.
E nas eleições do ano que virá, lembre-se disso: você escolhe os seus representantes. Não dê ouvidos aos seus patrões, aos seus amigos, aos seus irmãos e aos seus vizinhos e colegas de trabalho; pense, reflita sobre qual modelo de política pública você almeja para a sua Rua, para o seu Bairro, para a sua Cidade, para o seu Estado, para o seu País e atue firmemente nesse sentido, votando naqueles candidatos que espelharem, segundo o seu próprio senso, tais ideais.