terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Guerra dos Lobos

Somos brasileiros. Feliz ou infelizmente, essa é a nossa realidade. Somos fruto de um País complexo e cheio de complexidades. De uma beleza natural que impressiona. Mas de uma pobreza de alma que desencanta.
Um dia, ainda quando era bem pequenininho, me contaram que este nosso País possuía todos os atributos para "chegar lá", se transformando em uma nação independente, culturalmente estabelecida, sólida intectual e moralmente, com instituições públicas e privadas invejadas mundo afora, assim como a denominadas "grandes potências". Me disseram, também, que esse Brasil somente surgiria quando a tal Ditadura Militar padecesse, dando lugar à Democracia, pois somente esta poderia democratizar os meios de acesso à cultura, ao conhecimento e, consequentemente, à riqueza intectual, moral e, como corolário, financeira.
E eu acreditei.
Os anos se passaram. Eu cresci. A Ditadura caiu. Veio a chamada redemocratização do Brasil. E com esta, um tal de Sarney apareceu na nossa História.
Um homem, nesse período da redemocratização, apareceu perante a opinião pública brasileira como o nosso "Salvador da Pátria". Político experiente, o mineiro Tancredo Neves aparecia, em todos os meios de comunicação possíveis e imagináveis, como o homem que desbancaria as trevas impostas à Nação, fazendo, braços dados com a "deusa" Democracia, nascer o verdadeiro Brasil, acordando, enfim, esse "gigante adormecido".
Como excepcional conciliador que era, Tancredo percebeu a proximidade de sua vitória no Colégio Eleitoral que se realizaria em 1985. E para aplacar, ao menos um bocado, qualquer ranço dos conservadores, Tancredo escolheu como seu Vice um homem que circulava por todo e qualquer meio político, haja vista ser daquela espécie peçonhenta de político que rasteja por todos os cômodos da casa, sem qualquer pudor. Para os membros desta espécie política, pouco importa a legenda, o partido, o eleitor ou o eleitorado, desde que seus negócios e suas negociatas, que alavancam a sua fortuna pessoal e a de seus familiares, puxa-sacos e afins, não seja atravancada.
O que Tancredo não poderia imaginar é que este ser peçonhento, ex-Arena, ex-PDS e, desde aquela época, PMDB, assumiria o "trono". Tancredo foi eleito pelo tal Colégio Eleitoral. Mas faleceu sem sequer encostar o seu bum-bum no assento da Presidência da República. Sarney assumiu em seu lugar, como Vice que havia sido eleito, para dar "legitimidade" ao processo eleitoral havido no Congresso Nacional.
Sarney assumiu. Criou uma moeda nova, um plano econômico novo. Criou um monte de fiscais que deveriam denunciar o aumento de preços injustificados nos mercadinhos da vida. Não deu certo. Aí Sarney criou outra moeda e outro plano econômico. Também não deram certo. E Sarney, esse camaleão rastejante da nossa história política, não desistiu e criou mais outra moeda e mais outro plano econômico, que também não deram certo.
Tudo isso, dizia ele e seus amiguinhos, na tentativa de fazer o Brasil "dar certo".
Por culpa desta sucessão de imbecilidades, um então jovem político nordestino, de nome pomposo, Collor de Mello, apareceu no Jornal Nacional sob a alcunha de "Caçador de Marajás". E deve ter sido uma senhora caçada esta, pois no ano seguinte ele foi eleito Presidente da República, em eleições diretas, pois boa parte da gente tinha medo do tal "Sapo Barbudo", que era bem mais barbudo do que é hoje em dia.
Collor lançou um plano econômico ótimo, confiscando o dinheiro de todo mundo, restringindo os saques de poupanças até um valor pouco superior ao de umas 5 cestas básicas. Uma idéia brilhante, pois haveria, assim, menos dinheiro circulando e os preços, portanto, não poderiam subir pois sobraria mercadoria nas prateleiras das nossas vidas.
Obviamente não deu certo o tal plano e o tal de Collor entrou para a história: foi chamado pelo George Busch "Pai" de "Indiana Jones" (pois andava, corria, escalava, andava de jet-ski, de avião, fazia caraté, mas não Governava) e foi o primeiro Presidente Brasileiro a ser impichado, termo nascido por conta deste tal Collor.
O tempo passou. Tivemos um Itamar em nossas vidas que, ao menos, gostava de coisas boas, como mulheres sem calcinha....
Depois, tivemos por duas vezes um FHC em nossas vidas, que realizou algumas coisas ótimas e outras horríveis. Dois mandatos, portanto, de extremos. Para o bem, o surgimento do Real, nossa moeda mais forte em toda a História. Para o mal, as mal-explicadas privatizações de tudo por um preço estranho, muito estranho. Mas, enfim, dizem que se não fossem as privatizações, nem dinheiro para o cafézinho o governo federal teria.
Aí surgiu a estrela. Finalmente, depois de incontáveis tentativas, o tal "sapo barbudo" aparou as madeixas e elegeu-se Presidente. Na minha visão, míope, claro, esse seria "o cara": nascido na pobreza do sertão pernambucano, criado na explorada metalurgia do ABC paulista, pobre de nascimento e por ausência de oportunidades, aleijado de um dedo...esse sujeito tinha tudo contra si e, mesmo assim, alcançou o posto mais alto da nação! Somente um sujeito com este histórico de vida poderia compreender quais as reais necessidades das camadas mais empobrecidas da nossa sociedade e realizar um governo transformador, concessor de oportunidades!
Ledo engano, pois esse tal "sapo barbudo" se aninhou no poder de tal forma que não quis saber mais de nada a não ser de seus "companheiros". O Poder seduz, nós sabemos. Mas a que ponto ele chegou?
Ao ponto de aliar-se ao rastejante Sarney e de beijar, em público, seu algoz Collor, hoje eleito (pode?) Senador pelas Alagoas...
E a nossa história, de povo brasileiro, aí está calcada, meus caros.
Estamos nós no cerne desta disputa entre ter mais ou menos. Poder, dinheiro, prestígio. Para eles, tanto faz, pois o que importa é deter, possuir, ter. Jamais ser.
Estamos nós, ovelhas magras, desnutridas e idiotizadas, lançadas no centro desta verdadeira Guerra dos Lobos, cujo objetivo primordial é atacar, admoestar e trucidar, a cada dia mais um pouco, estas tais ovelhas.
Eu cresci. Muitos de vocês, que lêem estas linhas, também cresceram ao longo dos últimos anos e décadas. E a nossa História? O que fizemos para que ela fosse diferente do que é?
Nada. Absolutamente nada.
Mas lembrem-se: formamos um enorme conglomerado de ovelhas em face de uns poucos lobos. Se resolvermos nos insurgir, é evidente que perderemos muitas ovelhas. Mas estes tais lobos não conseguiram digerir todos nós. Até por que a grande maioria destes lobos é covarde e fugirão, ao menor sinal de perigo. E, no final, as ovelhas é que trucidarão os tais lobos.
Basta acreditar que o sacrifício vale a pena.
Eu acredito.
E você??

Um comentário:

Camila Pixe disse...

Eu acredito que vale a pena....
Mas para isso acontecer e dar certo temos que ter ao nosso lado, ao lado dessa "guerra",uma população com educação,"pensante",que não se vende a troco de uma cesta básica ou de um butijão de gás ou de uma "cisterna" para quando chover cair um pouco de água lá dentro para sua família se alimentar e se banhar...não que eles não precisem(e que caso não chova a culpa não seja deles e sim de Deus né,que não fez chover)......sendo que nossa terra quando "CAVADA" a 30 ou 40 ou 60 metros se tem água em abundância simmmmmm..mas...mais uma vez para que dar educação ao povo????Temos que lutar e muito para que a nossa geração toda e a geração de nossos irmãos,amigos,enfim, mais novos que nós,estudem e tenham entendimento,já que os mais velhos não tem mais "forças" para tal,sejam fortes o suficiente para não desistir ou deixar rolar para ver no que vai dar, e tomem as rédias dessa situação realmente triste junto conosco....Aí sim tenho certeza que conseguiremos fazer nosso País dar certo e ser tão belo quanto a beleza natural que Deus nos deu!!!!!Vale a pena sim não cruzarmos os braços pois quero viver num País melhor,ter uma velhice com paz,com tranquilidade e dar aos meus filhos (que pretendo ter)um futuro maravilhoso.....
E acredito que sempre com amor e fé tudo dará certo!!!!Se não,você não acha que seria melhor vivermos no tempo da ditadura??Pelo menos eram poucos no poder roubando e nos chamando de trouxas...Estou errada???Bjos no coração....