sexta-feira, 17 de julho de 2009

Aprendendo com eles.

A cada dia que se passa, mais admiro o nosso Congresso Nacional.
Já faz quase 6 meses: explodiu, na mídia verde-e-amarela, o caso do tal Deputado Federal do "castelo", Edmar Moreira, eleito pelas Minas Gerais. Garanto que até muitos Mineiros nunca tinham ouvido falar do tal Moreira do Castelo. Alguns, mais afeitos ao Samba, já tinham ouvido falar sobre o Moreira da Silva. Mas o Moreira do Castelo era um novidade!
A acusação dava conta de que o tal Moreira, Deputado, teria infringido o código de ética parlamentar (alguém já viu um exemplar deste?), pois teria utilizado praticamente toda a verba de seu gabinete, quase R$ 15 mil/mensais, para arcar com os custos de "auto-contratações" de serviços de segurança...sim, pois o tal Moreira, Deputado, é dono (ou era) de empresas privadas de segurança. Em suma: o tal Moreirão, espertinho, usava a verba de seu gabinete para contratar serviços de suas próprias empresas! Atitude de uma lisura sem igual!
Durante a celeuma, foram instalados os trabalhos (?!?!) da tal Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Para funcionar como Relator do tal caso, foi designado um parlamentar gaúcho, do Rio Grande, Sergio Moraes, que é acusado de envolvimento com uma rede de prostituição, utilização do telefone de seu gabinete para telefonar a serviços de Disk-Sexo....uma verdadeira candura de pessoa.
Durante os tais "trabalhos", o Deputado Moraes, de maneira calma e evidenciando ser dotado de um senso político raramente observado na história da nossa República, respondeu aos veículos de comunicação que estava "pouco se lixando" para as eventuais pressões da opinião pública para uma condenação do tal Moreira do Castelo. Disse mais: que desafiava qualquer jornalista, dando como certa a sua reeleição à casa nas próximas eleições de 2010. Ou seja: um sujeito que evidenciou ter nascido para a prática cotidiana da política.
Os "trabalhos" da tal Comissão continaum até hoje, sem que nada tenha sido resolvido sobre o tal Moreira do Castelo. A tendência é pela sua absolvição, nítida e rasgadamente. Apenas como adendo, durante uma das sessões dos "trabalhos" desta tal Comissão, o tal Moraes (não o Moreira) disse, aos brados, que o Moreirão não deveria se envergonhar de seus atos e que deveria andar pelos corredores da Câmara de Deputados "de cabeça erguida". Até o Moreirão pareceu ter ficado constrangido nesse instante....mas, enfim...
Mais recentemente, outro "escândalo" explodiu no Congresso, envolvendo, desta feita, gente graúda. O Ex-Presidente José Sarney, que começou a sua carreira política no Maranhão mas, depois de 40 anos, descobriu que seu "berço político", em verdade, era o Amapá (?!?!), como Presidente do Senado e, conseqüentemente, do Congresso Nacional, foi acusado de ser sabedor de uma coisa chamada "ato secreto do Senado", através dos quais se podia tudo, quase como em uma festa do cabide. Através destes tais "atos secretos", os Senadores empossavam parentes, davam guarida à amigos e assessores, viajavam, passeavam, viajavam na maionese e em outros lugares...
Enfim, os tais "atos secretos" nos eram secretos, mas não aos nobres Senadores. Especialmente àqueles que se aproveitaram dos mesmos.
O coitadinho do Seu Bigode, quer dizer, do Ex-Presidente Sarney, acabou levando boa parte da responsabilidade sobre os atos de um Diretor-Geral de Administração do Senado, um cara de nome engraçado, Agaciel Maia, só por que teria sido ele, Sarney, quem o empossou ao tal cargo.
Imagine se o Sarney sabia de algo...imagine... isso é intriga, sim, da oposição!
E da mesma forma que foi instaurada a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para investigar (rárá) o caso do Moreirão do Castelaço, foi instaurada uma Comissão de Ética no âmbito do Senado, para apuração (não aparação) do Seu Bigode.
E foi nomeado um Senador Fluminense para presidir os "trabalhos" desta tal Comissão, Sr. Paulo Duque. Da mesma maneira que em Minas Gerais, garanto que muitos cariocas e fluminenses jamais tinham ouvido falar do tal Duque. De outros, como Duque de Caxias, sem dúvida. Mas deste tal de Paulo, não.
Enfim, no transcorrer do último dia 16 de julho, mais conhecido como "ontem", o tal Duque, que não é o de Caxias, disse, também, que pouco se importa com a tal "opinião pública", até por que ela seria manipulável de acordo com os interesses da imprensa.
Outro sujeito que nasceu com uma aguçadíssima sensibilidade para a política, esse tal Duque Fluminense que não é o Caxias.
Enfim, constatamos, após essas cousas que acontecem tão-somente em Brasólia (com "ó", mesmo), que, primeiro, essa tal de "opinião pública" não está com nada perante os nossos lúdicos e hábeis Parlamentares. Coitadinha da "opinião pública"! Só me resta uma dúvida: será que estes parlamentares sabem sobre quem estão se referindo? Será que eles sabem que é a tal "opinião pública" não tem nada a ver, por exemplo, com "opinião púbica"? Eles podem estar se confundindo, né? Vai saber... ainda mais o Deputado do Disk-Sexo, né?
A segunda constatação que nos surge é aquela que dá conta que os nossos parlamentares são seres de inteligência superior, pois detectaram que tudo, no nosso Brasil, é culpa da mídia, da imprensa, que manipula a tal "opinião pública" de acordo com os seus próprios interesses, transformando-a, portanto, em "opinião púbica".
Uma constatação que não pode ser despercebida. Em muitos casos na História das relações póliticas e sociais, a imprensa desempenhou papel decisivo, seja para influenciar positivamente, seja negativamente.
O fato é que a imprensa exerce o papel dela, expondo, em seu espaço, os fatos sociais, políticos, econômicos, esportivos, do cotidiano.
Se a forma como é apresentada a notícia acaba se demonstrando capaz de influenciar um pequeno, médio ou grandioso número de leitores, expectadores ou ouvintes, temos que aplaudir o jornalista responsável por tal feito.
Ocorre, caros Parlamentares, que uma cidadania culta, educada, capaz de compreender o que lê, vê e ouve, é menos influenciável, pois desenvolve o poder do raciocíno, o hábito de pensar, de refletir, para atingir suas próprias conclusões sobre um dado tema.
Dica de um amigo, nobres Parlamentares: os senhores e senhoras não desejam mais tratar com uma "opinião pública" facilmente manipulável pela imprensa? A receita é simples: invistam, pelo amor de Deus, em Educação e Cultura, tornando os nossos brasileirinhos e brasileirinhas cada vez mais capazes de raciocinar!
Nesse caso, já deixo-os de sobreaviso, pois pode ocorrer que muitos de vocês, nobres Parlamentares, não consigam se reeleger aos cargos de Deputados e Senadores. Sim, pois uma "opinião pública" mais culta e capacitada, intelectualizada, normalmente pensa, reflete, antes de votar. E nesse caso, talvez, essa é só uma desconfiança de minha aparte, algumas das posturas ordinárias dos senhores e senhoras, como privilegiarem-se de certos "atos secretos", ou utilizarem os telefones de seus Gabinetes para acessarem serviços de Disk-Sexo, ou, ainda, utilizarem toda a verba de seus Gabinetes para contratarem empresas próprias de prestação de serviços, não sejam muito bem-vistas pela tal "opinião pública", que, aliás, também vota.
Mas os aconselho a analisar a questão sob outro prisma: por todo o sempre, vocês, nobres Deputados e Senadores, que resolveram investir realmente em políticas públicas de educação e cultura, serão lembrados como os homens e mulheres que tiraram a "opinião pública" das amarras dessa malévola imprensa!
Não seria uma louvável lembrança?

Um comentário:

Camila Pixe disse...

Vou resumir em 2 palavrinhas pois fico realmente enojada com tudo que acontece.
TENHO VERGONHA.....
E o que falta nesse povo todo que comanda nosso País é falta de vergonha na cara...falta de carater!!!!