terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

As febres da alma são as mesmas do corpo?

Vivemos tempos difíceis. Mas não difíceis de serem vividos. São difíceis, sim, de serem compreendidos.

Temos um calhamaço de melhorias ao nosso dispor. Mas estamos nos transformando em seres piores.

Dormimos muito menos do que poderíamos dormir. E muitissimamente menos do que deveríamos dormir.

Trabalhamos muito. A lógica seria enriquecer, até mesmo intelectualmente, no mesmo ritmo. Mas o que ocorre é exatamente o inverso: estamos com cada vez menos dinheiro nos bolsos e tornamo-nos ignorantes em progressão geométrica.

Como paradoxo, passamos cada vez mais tempo "estudando". Antigamente, as pessoas cursavam os bancos escolares primários, ginasiais, colegiais e comemoravam muitíssimo quando conseguiam atingir os bancos universitários. Após, dedicavam-se exclusivamente ao trabalho, à carreira, à construção de uma família, à criação de seus filhos...

Hoje, quem não dispuser de um diploma de Pós-Gradução não tem nada. É considerado pelo tal "mercado de trabalho" como uma analfabeto. Desta forma, somos quase que "obrigados" a nunca mais sairmos das Faculdades e Universidades. Assim sendo, não temos mais tempo de nos dedicarmos à nada. As coisas vão simplesmente acontecendo em nossas vidas, sem que as percebamos. Não nos dedicamos à carreira; ela "ocorre". Não temos mais tempo para a nossa própria família; imagina se temos tempo para a criação de uma nova? Filhos? Daqui uns 15 anos. Mas, pera aí: eu terei quase 45...

Esse ritmo imposto pelo novo modelo de vida que escolhemos é, de um lado, estrondosamente interessante. Mas possui, como tudo, um lado negro. E este, quando prevalece, é difícil de ser domado.

Na mesma velocidade que conseguimos baixar uma música querida "da Internet", desenvolvemos novas mazelas, novas doenças, como o stress, as síndromes do pânico e tantas outras.

Nada hoje em dia é durável. Tudo é etéreo. Até mesmo as relações interpessoais. Quantos de nós não conhecem pessoas que resolveram casar tão-somente para "escaparem" de seus pais?? Ou quantos de nós não conhecem aquelas pessoas que a cada 6 meses nos apresentam novos "parceiros"??

Nesse ritmo, adoeceremos. Adoecemos, aliás.

Tomara que estas doenças permanecam retidas aos nossos corpos, não chegando a afetar nossas almas. Pois caso isso ocorra, jamais conseguiremos alcançar a cura necessária e nunca mais voltaremos a ser...humanos.




E mesmo assim, "emburrecemos".







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