segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma plástica poderia salvar a democracia brasileira?

Há pouco mais de 20 anos, a República Federativa do Brasil transformava-se em uma Democracia. A partir de um dispositivo constitucional, tornava-mos um "Estado Democrático de Direito". Assim sendo, consagrava-se, do ponto-de-vista jurídico, a democracia como um elemento do Estado Brasileiro, permitindo aos cidadãos a plena (ao menos em tese) participação política.

Desta forma, podemos afirmar que a democracia "à brasileira" ainda se encontra em processo de cristalização, em razão da sua jovialidade. E é exatamente nesse momento que a democracia "à brasileira" sofre o seu mais grave ataque.

No ano que virá, 2010, ocorrerão eleições para as eleições de Presidente, Governadores, Deputados Federais, Estaduais e Senadores. O quadro que hoje se alinha é o de que a oposição, capitaneada pelo PSDB e pelo DEM, deverá eleger o próximo Presidente da República. Dentre os mais prováveis "próximos Presidentes", a lista é encabeçada pelos Governadores José Serra (S. Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais).

Pelos situacionistas, o Presidente Lula vê a possibilidade de eleger o seu sucessor bastante pressionada. Em razão de seguidos escândalos, como o do "mensalão", os principais nomes do PT encontram-se bastante desgastados. Desta maneira, Lula pretende apresentar o que seria um "fato novo", através da recomendação de um nome que se posicionou ao largo das sucessivas crises de credibilidade suportadas pelo PT ao longo dos últimos anos.

Lula pretende apostar na atual Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, como sua candidata à Presidência. Pretende tentar eleger a primeira mulher ao cargo mais relevante da Nação e tenta emplacar um nome que restou um tanto quanto afastado do "mensalão".

Para tanto, elegeu Dilma como a "mãe do PAC", o tal "Programa de Aceleração do Crescimento" que não acelerou nada quando podia e que agora, em meio a uma crise financeira internacional sem precedentes, parece fadado a não acelerar mais nada. Nem o que já foi iniciado.

Na tentativa de transformar Dilma em um "produto eleitoral" interessante, os marketeiros políticos que servem ao Presidente Lula recomendaram que a Ministra se submetesse a uma intervenção plástica, rejuvenescendo alguns aninhos de sua vida política de batalhas, inclusive reais, já que é ela uma ex-guerrilheira da esquerda anti-revolução de 1964.

Dilma assim o fez. E também resolveu mudar o penteado. O resultado dessas "ações políticas" estreou na última semana, quando a Ministra reapareceu em público. Alguns gostaram, outros não, como haveríamos de imaginar. Mas quem deve ter gostado, e muito, foi a tal "democracia à brasileira".

Explico.

É mais do que consabido que o Presidente Lula pretende, custe o que custar, eleger o seu sucessor. No caso, sucessora. Lula está "deitado em berço esplêndido" no quesito popularidade. Segundo as pesquisas de opinião até hoje realizadas, nenhum outro Presidente da "Era Democrática" do Brasil, nem mesmo JK, gozou de tamanha aceitação. Mas a pobreza de nomes do PT pode atrapalhar tais planos.

Apesar de Lula gozar de um índice de aprovação realmente incrível, Dilma, sua candidata, não consegue passar dos 10% de intenção de votos, na melhor das atuais hipóteses. Tal fato facilita, sobremaneira, o trabalho de tucanos e democratas. Mas não há eleição vencida na véspera. E é nisso que o Presidente aposta.

Lula pretende viajar Brasil afora "apresentando" D. Dilma. Utilizará de todos os subterfúgios políticos para tantar fazer com que o nome de Dilma passe a dispor de vigor suficiente para "brecar" o avanço de Serristas e de Aecistas. Inclusive as ameças de que se Dilma não for eleita, o "Bolsa-Família" se extinguirá. Podem anotar. Depois me cobrem.

Enfim, quem torce, e muito, para que a campanha de Dilma realmente decole é a tal "democracia à brasileira". Isso por que já corre solta em Brasília uma "alternativa": caso o nome da Ministra Dilma não decole até agosto ou setembro deste ano ainda nas pesquisas de opinião, setores do Governo trabalharão arduamente para uma "Mini-Reforma" Constitucional, que pretenderá, dentre outros itens, admitir que Lula possa disputar um terceiro mandado presidencial.

Nos mesmos moldes das "super-democracias" africanas e de Países "super-desenvolvidos", entre os quais Venezuela, Equador e Bolívia, o Presidente Lula poderá vir a governar o Brasil não por 8 anos, mas por 12 anos. E corre-se o risco, até, de uma extensão do período do próximo mandato (para 5 anos ao invés de 4).

Tomara Deus que a tal plástica a que foi submetida a Ministra Dilma atinja seus objetivos.

Na minha opinião, ela não precisa vencer o próximo pleito. Pode chegar no 2.º Turno.

Quem agradece, primeiramente, é essa tal "democracia à brasileira"; depois, todos nós.














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