sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não se deixe morrer pela fome. Entendeu?

Estamos vivendo tempos complicados. Culturalmente, vivemos umas das mais estranhas fases da História da Humanidade. Com o advento de diversas tecnologias que facilitam monstruosamente o nosso cotidiano, passamos por uma fase de aprofundadas e irreversíveis transformações sociais e culturais. Só o tempo dirá onde chegaremos com isso.
As mudanças ou evoluções são mais do que bem-vindas. Pelo menos deveriam ser. Toda e qualquer mudança, altera um estado de coisas precedente, até então preponderante, transformando aquilo ao que diz especial respeito e, como consequência, todo o resto ao seu redor.
Quando uma folha de uma árvore, uma só, cai ao chão, inicia-se um processo de transformação naquela árvore e, por óbvio, no chão. Na árvore, será aberto espaço para o nascimento de um broto fresco, verde, vigoroso. No chão, a decomposição daquilo que não mais servia à árvore, deixará o solo enriquecido.
Toda essa figura de linguagem está sendo utilizada por mim para ressaltar o que penso: nada ou ninguém é naturalmente insubstituível.
Faz parte da natureza em que estamos inseridos o descarte, o desapego. Ocorre que nos últimos Séculos fomos instados a raciocinar no sentido inverso, apegando-nos à coisas, situações e até mesmo pessoas. Sem nenhuma necessidade e afastando-nos, com isso, da nossa verdadeira natureza.
A religião, a filosofia, os dogmas econômicos, políticos e sociais nos "ensinaram", nos últimos tempos, a escapar daquilo que realmente somos. Nos venderam, através de estratégias de marketing brilhantes e extremamente bem-sucedidas, que a real evolução do ser humano somente se daria quando este se afastasse do "monstro natural" que existe em seu interior.
Confundiram, ao meu ver, as coisas. Não é porque pensamos mais, refletimos mais, discutimos mais, que dispomos de mais liberdade, que evoluímos. A liberdade é um riqueza inata à natureza humana. Nasce com a nossa primeira célula constituída. Não deveria ser, portanto, objeto de preocupação. Mas quando os doutos se preocupam em "ensiná-la", em transmiti-la, é por que há algo de muito esquisito ocorrendo.
Vivemos na América Latina e, especificamente, no Brasil. Um País riquíssimo em todos os aspectos. Mas que está, sabe-se lá Deus por que, condenado à mediocridade.
Nossos pensadores, ao invés de instituírem a "meritocracia", aquele sistema onde cada um tem seu espaço de acordo com as suas capacidades desenvolvidas de maneira exponencial, resolveram instutuir a "idiocracia", aquele sistema onde "vence" o mais idiota.
E o idiota brasileiro é um pouco diferente do clássico idiota latino-americano. Ele também é bunda-mole, também acha que sabe tudo de todos, é o senhor da verdade absoluta, se acha extremamente sexy e bonitão, adora se passar por "esquerdista intelectualizado" mas nunca leu nada na sua vida além de revista de mulher pelada ou o Pequeno Príncipe, acredita que é um injustiçado pelos Céus, acha que trabalha demais e recebe de menos...isso tudo nos une aos idiotas clássicos da AL.
Mas somos invejosos, coisa que alguns idiotas latino-americanos não são.
Temos inveja dos nossos vizinhos que conseguiram comprar um carro novo. Temos inveja dos livros "lindamente encadernados" de uma casa elegante que visitamos (e a preocupação com o conteúdo???). Temos inveja das fotos de viagem à Paris de alguém conhecido. Temos inveja das várias línguas que um amigo de um conhecido do futebol diz que fala.
E essa inveja nos paralisa. Nos impede de crescermos. De realizarmos, de tiramos a bunda da cadeira e aprendermos línguas, de trabalharmos cada dia mais, pouparmos mais, para um dia irmos à Paris ou comprarmos um carro novo.
O idiota brasileiro fica lá, no canto da sala, em depressão, se remoendo com tudo e com todos.
E esse mesmo idiota brasileiro tem inveja até mesmo do Lula. É! Do Lula!
Esse idiota brasileiro diz "Que história incrível tem esse sujeito, né? Saiu do nada e chegou à Presidência...poxa...". Tem até idiota que faz filme sobre isso. Mas esse idiota brasileiro não consegue perceber, tomado pela inveja paralisante do Brasil, que a ele, estudado, com duas faculdades no lombo, que fala inglês e arranha ainda outras línguas, seria ainda mais fácil chegar à tal "Presidência"!
O idiota brasileiro analisa e se preocupa apenas com o fato, não com o conteúdo. Ele não analisa, ou não quer, por preguiça ou pela inveja paralisante, se os sucessivos mandatos de Lula foram bons para a sociedade em geral. Se tendo chegado à Presidência, Lula se aproveitou (no bom sentido) de sua história doída e sofrida e transformou, de fato, o País.
O idiota brasileiro não consegue exercer esse juízo de valor. A inveja paralisante o impede de fazê-lo.
E o impede, também, de analisar os fatos do cotidiano e de refletir sobre estes, criando um posicionamento lógico. Dá preguiça pensar demais.
Será que somente algumas poucas pessoas, assim como eu, estão estranhando os fatos das últimas semanas?
Primeiro, o tal "mal-estar" do Lula em Recife; segundo, a tal cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Cancún, onde se "excluiu" EUA e Canadá das discussões e debates para criar a "OEA B", onde se discutiram "temas de relevo", que mudarão realmente o futuro da região, tais quais declarar apoio ao programa nuclear do Irã, "peitar" a ONU e ao Reino-Unido sobre as Ilhas Malvinas e, por fim, logo em seguida a esta aberração política, culminar com uma visita do Lula sem motivos aparentes à Cuba e ao ditador Fidel Castro...
Qual o intuito do estereótipo do nosso idiota brasileiro em "provocar" tanta coisa em tão pouco espaço de tempo? Lembre-se que nada é por acaso...a folha cai da árvore por um própósito!
Mas, meu amigo, minha amiga, não se preocupe ou se abata com isso! Faça como o nosso chefe mandou, ao comentar o falecimento de um dos opositores ao regime de exceção cubano, em um dos momentos mais sublimes da Humanidade nos últimos tempos: não se deixe morrer pela fome.
É bobagem.

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