segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Eu também quero um mensalão.

Há mais ou menos duas semanas, recebemos notícias diariamente de uma "novidade" na vida política da Nação: o "descobrimento" de um mensalão em Brasília, envolvendo o Governador do DF e muitos Deputados Distritais de sua base aliada.
Como vivemos em um País de nome "Brasil", esses escândalos, quando descobertos, nos chocam, tamanho o seu ineditismo. Não é?
Sei.
Já faz um tempinho, mas algo semelhante foi descoberto com relação ao Governo Lula, envolvendo vários de seus apoiadores, Deputados Federais, Senadores, funcionários do PT e até irmãos de Deputados. Havia, naquele escândalo, dólares na cueca de um, Land Rover de outro. Uma beleza...
E o que aconteceu? Alguns destes personagens abdicaram de seus mandatos, renunciando para escaparem da cassassão, outros foram cassados e viraram tenores e existe um processinho bem do vagabundo tramitando pelos corredores do nosso Supremo Tribunal Federal.
E o que mais? Mais nada. O nosso Presidente Molusco, quase como um gato, perdeu algumas de suas sete vidas mas permaneceu, graças às outras, firme e forte no cargo, inabalável, tendo até sido reeleito...coisas do Brasil, esse País em franco desenvolvimento...
No escândalo atual do mensalão, esse que envolve o Governador do DF e seus aceclas, existem provas contundentes, vídeos amadores (quase nome de coisa pornô na internet...) que demonstram o próprio Governador recebendo um maço considerável de notas de Real, essa moeda fortíssima, para...a compra de pannetones...é...isso mesmo: essa é a versão oficial, divulgada amplamente pelo próprio objeto do escândalo.
Eu não irei comentar essa história de pannetones. Ok?
Mas gostaria de dizer algo. Na verdade, gostaria de repetir algo que já escrevi aqui há 2 anos: a única forma de acabar com a corrupção no Brasil, esse País em franco desenvolvimento, é institucionalizá-la. Isso mesmo.
Vamos ao raciocínio.: o Ex-Presidente FHC, que permanece sendo um intelectual de respeito mesmo com todos os seus equívocos pós-mandato (quando parace que ligou um "F..." gigante para o Brasil...), sustenta que a única maneira de lutar contra o crime organizado, em especial contra o tráfico de drogas, mais especialmente o de maconha, seria legalizar a sua comercialização. Assim, segundo o esfumaçado raciocínio de FHC, os criminosos não conseguiriam agir sobre uma atividade legalizada, instituída e controlada pelo Estado.
Eu não partilho deste raciocínio, por questões de saúde pública. Existem estudos comprovados, especialmente na Califórnia/USA, atestando que o consumo de maconha, em doses controladas, auxilia aos doentes terminais de câncer a suportar as dores deste período. Mas como a grande maioria das pessoas que habitam o planeta não estão, graças a Deus, nessa condição, a de doentes terminais de câncer, nada justificaria a legalização do consumo de algo que, comprovadamente, sem controle de dosagem e qualidade, atrapalha o desenvolvimento intelectual, motor e comportamental das pessoas. A não ser que desejemos, para o Brasil, um futuro, diria, cheio de névoas...
Mas levo adiante o mesmo raciocínio para os casos de corrupção. E como poderíamos fazer isso com relação à corrupção? Simples: todo o sujeito que se candidatasse a um cargo eletivo, saberia, de antemão, que não receberia um centavo sequer do Estado durante todo o período de seu mandato.
Pronto. Simples, rápido, indolor.
Assim sendo, os nossos Vereadores, Prefeitos, Deputados Estaduais e Distritais, Governadores, Deputados Federais, Senadores e o Presidente da República não receberiam salário ou remuneração publica alguma e teriam que se virar para sobreviverem.
Como fariam? Da mesmíssima forma que o fazem hoje, mesmo recebendo remuneração pública: através de propinas, mensalões, concessões duvidosas de patrimônio, empresas e obras públicas.
Só que tudo isso às claras, sendo francamente e legalmente declarado.
Deste modo, teríamos como fiscalizar, de maneira franca, se aquele determinado sujeito exerce o seu mandato representando a maioria ou apenas e tão-somente aos interesses de alguns.
Saberíamos que o tal Governador Arruda receberia, por exemplo, semanalmente, 20 mil reais de um determinado segmento da economia do DF. E poderíamos, assim, exigir que ele Governasse não apenas para aqueles que compõem esse espectro de doadores, fiscalizando o seu mandato de maneira aberta.
E acabaríamos com essa história hipócrita de ficarmos "chocados" quando esses mensalões da vida são "descobertos".
E, mais, economizaríamos, como Nação, um dinheirão... e a nossa paciência.

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