segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Será que agora vai??

Desde que me interessei por História, Política, Economia e Sociologia, lá pelos idos de 1989, ano das primeiras eleições presidenciais após o período de Ditadura Militar, ouço dizerem que o Brasil é "o País do futuro". Mas meus pais escutam esse chavão desde que tinham mais ou menos a mesma idade que eu possuía em 1989...
Assim, esse slogam parecia refletir um tal futuro que jamais seria atingido, haja vista os gigantescos problemas sociais e econômicos suportados por esse combalido projeto de nação, de nome "Brasil".
De uns anos para cá, no entanto, algumas ações estatais e privadas fizeram com que esse "sonho" começasse a, quem sabe, tornar-se mais próximo, mais real.
Com a criação do "Plano Real", a sociedade brasileira inicou o processo de aprendizado de diversos novos comportamentos, entre os quais a conviver em uma economia com índices inflacionários "saudáveis", a de dispor de uma moeda forte, se comparada às moedas das principais economias do Mundo, a de fiscalizar o tal de "superávit primário" das contas governamentais, a de exigir dos governos o cumprimento irrestrito das diretrizes orçamentárias e, assim, obrigá-los a incluir no orçamento ações sociais positivas, e muito mais nesse sentido.
De 1994 até 2002, nos Governos de FHC, o brasileiro aprendeu, ainda, qual deve ser o real tamanho, a verdadeira e salutar participação estatal na Economia, execrando alguns exageros das décadas anteriores. Aprendeu, também, como é relevante para a efetivação do controle social dispor de um Estado razoavelmente organizado.
De 2002 até agora, aprendemos com os dois Governos de Lula, que a manutenção dos princípios da Economia, independentemente da ideologia política, torna a Nação cada mais consolidada, mais forte e estável sob o ponto-de-vista econômico.
É bem verdade que nem tudo são flores desde o advento do Real e dos 4 Governos citados. Os processos de privatização dos Governos de FHC são até hoje contestados no que concerne aos seus valores; e nos Governos de Lula, contestamos os privilégios concedidos a partir da complacência federal aos "companheiros" do Presidente, sejam os mais antigos membros do PT, sejam os denominados "neo-lulistas", como Sarney, Collor, Renan Calheiros e companhia.
Mas é significativo detectar que a sociedade brasileira começa a se acostumar com valores políticos interessantíssimos, como os que decorrem da aplicação da Democracia, como os que surgem a partir de uma política econômica estável. Tenho o presentimento que os brasileiros não mais aceitariam conviver em um ambiente de hiper-inflação e de continuísmo.
Todavia, mesmo com esses bons e importantes factos ocorrendo, é preocupante verificar que há, sempre, fatores que ainda fazem com que o Brasil permaneça na condição de "gigante adormecido".
Primeiro, a falta de investimentos sociais efetivos. Não é um programa como o "Bolsa Família" que irá alterar, de maneira irrevogável, a realidade social. E todos nós sabemos disso. A receita é velha: são os investimentos em educação, cultura e na disseminação da ética do trabalho os pilares de uma sociedade profícua ao desenvolvimento. E quase nada tem sido realizado de efetivo nesse sentido.
Segundo, a ausência de renovação dos quadros políticos, muito por culpa da própria sociedade. É evidente que existem alguns rincões do nosso País que são "governados" pelos mesmos grupos pólíticos há quase um Século, impedindo o desenvolvimento das atividades políticas e o surgimento de novas lideranças. Mas em localidades consideradas "desenvolvidas", é injustificável a manutenção de velhas e desgastadas lideranças à frente do Poder. E é aí que nasce a nossa responsabilidade, pois esses governantes venceram pleitos democraticamente realizados. Fomos nós, portanto, que os elegemos. Somos nós, então, que contribuímos para que Sarneys, Collors e outros desta mesma estirpe permaneçam aparecendo em nossos telejornais, permaneçam em evidência, o segredo da longevidade política.
Terceiro, o desinteresse pelo controle das contas públicas, pois mesmo nas menores comunidades e municípios do País, a participação e a fiscalização social no orçamento e na sua aplicação é quase inexistente.
Quarto, a ausência de vontade de evoluir, ou o "receio do novo". Muitas comunidades, mesmo com acréscimos orçamentários relevantes nas últimas duas décadas, não aplicam quase nada de seus orçamentos em programas que ensejariam mudanças sociais profundas, embuídos do receio, do medo de mudarem algo que está consolidado há tempos. Nesse item, adentra a falta de renovação política e a ausência de novas lideranças, pois muitas destas comunidades não desejam alterar o status quo. Ou seus governantes não desejam dispor do poder conquistado.
Quinto, a verdadeira balbúrdia urbanísticas existente nas principais Cidades do País. Basta verificarmos, nessa seara, as realidades de S. Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, para compreendermos que o nosso processo de evolução social e econômica será muito mais lento e gradual do que gostaríamos. Penso que essa ordem deveria e poderia ser subvertida, haja vista que é no caos que surgem as grandes oportunidades de mudança. Mas será que há vontade política para profundas alterações?
Nesse sentido, estamos sendo colocados, como Nação e Povo, diante de dois desafios/oportunidades incríveis: a realização da Copa de Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas no Rio, em 2016.
Percebe-se, portanto, que durante 48 meses, os olhos do Mundo estarão voltados ao Brasil como nunca antes estiveram em mais de 500 anos de História.
Em um pequeno espaço de tempo, os tais 48 meses, abrigaremos em nosso País dois dos mais relevantes acontecimentos esportivos que o Homem, em toda a sua História, concebeu.
E como o esporte é, indubitavelmente, uma das mais efetivas ferramentas de desenvolvimento social, político, físico e econômico, os olhos do Mundo estarão voltados ao Brasil cobrando soluções para questões que hoje nos afligem, como a da Segurança Pública, da Organização de Estado, da Limpeza das Vias Pública e questões sanitárias, do aproveitamento racional e razoável das verbas públicas, do controle dos gastos públicos, entre outros.
A realização destes dois marcantes eventos esportivos no Brasil extrapola, certamente, o âmbito dos esportes por eles abraçados. É a chance de ouro que tanto esperávamos para apresentarmos ao Mundo um novo modelo de gestão urbanística, racional e organizada, em detrimento do caos hoje vigente. É a chance de mostramos ao Mundo que podemos tratar dos nossos esgotos, distribuindo fartamente água encanada e tratada, energia elétrica e telecomunicações; que podemos conceber cidades limpas, sem a presença da sujeirada que hoje se amontoa nas esquinas das principais cidades; que podemos fazer nascer um modelo brasileiro para a questão dos transportes coletivos de massas; que podemos construir incríveis estádios e praças esportivas que serão, após, utilizados ou para a formação de novos atletas, ou para a disseminação da prática esportiva, tornando-nos ainda mais saudáveis e competitivos.
É a chance de deixarmos claro que, sim, sabemos festejar como poucos na História da Humanidade, que somos um povo receptivo e cordato, mas que constituímos, verdadeiramente, uma Nação em franca ascenção, em franco desenvolvimento social, político e econômico, rumo ao nosso local de destino no pódio da vida: a liderança.
E esse novo modelo, se aplicado com correção, infectará todas as outras comunidades brasileiras, das menores às maiores que não terão, diretamente, participação nos eventos.
Assim, esta será, ao que tudo indica, a nossa grande oportunidade. A chance de construirmos um País de verdade, gigante em sua extensão territorial mas, também, generoso na distribuição de riquezas e de oportunidades.
Será que agora vai? Pois se não for...

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