quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O custo de certas coisas.

Novamente a tal crise. Todo o santo-dia, ao lermos os principais jornais do Planeta, a tal crise é notícia corrente. Não que os meios de comunicação devessem, de uma hora para a outra, simplesmente pararem de reportar o pior da pior crise do capitalismo modermo. Mas o que assusta é que dentre as reportagens que versam sobre a crise, poucas apresentam possíveis soluções lúcidas e factíveis.

Hoje, creio que o Mundo do Capital realmente não estava apto a lidar com a "abertura do baú", ou com os "esqueletos" em seu armário. Contudo, me parece latente que o Mundo do Capital não estava e não está apto a tratar do tema também.

A atual crise não desaparecerá derrepente. Até por que não apareceu desta forma. Não é um tsunami; nisso, o Presidente Molusco tinha razão (tá vendo?); é, sim, uma tremenda tempestade, quase a perfeita, prevista muito antes por alguns poucos "radares metereológios" (nisso, o Presidente Molusco não tinha razão...pra variar só um pouquinho, né?).

O Capital Virtual se demonstrou exatamente como o seu nome pressupõe: virtual. Não podemos lastrear as principais economias do Globo a partir de elementos translúcidos. No Mundo do Capital, estes elementos devem ser rijos, firmes, sólidos como rochas. Ou, ao menos, transparecerem isso...

Um tema corrente desde o começo da atual crise é a sua extensão sobre o Mercado Automobilístico. Nenhuma montadora ou fabricante de veículos do Planeta Terra deixou de suportar perdas em razão da crise. Umas, de maneira menos drástica. Outras, de maneira dramática. As mais comprometidas, como não poderia deixar de ser, são as montadoras instaladas e sediadas nos USA, o "celeiro" desta crise.

GM, Ford, Chrysler e outras estão verdadeiramente com os seus pires nas mãos. A situação financeira e mercadológica mais crítica, no entanto, é a da GM, que acaba de anunciar perdas recordes em montante superior a 30 bilhões de dólares no último exercício.

As cifras desta crise são, realmente, assustadoras. O Governo Bush preparou e aprovou um pacote de mais de 800 bilhões de dólares que pouco impactou na "ânsia criativa" desta crise. O novo Governo Obama já conseguiu aprovar um outro pacote de mais de 700 bilhões de dólares para a mesma finalidade. Todavia, Obama, mais honesto do que a normalidade, anunciou ,em seu primeiro discurso como Presidente realizado perante os membros do Congresso dos USA, que mais recursos serão necessários para a estagnação deste dragão, o que gerará, imediatamente, um impacto contundente no défict público norte-americano. E essa realidade numérica espantosa corre mundo afora, desde o Reino Unido (que anunciou que disponiblizará mais de 800 bilhões de dólares para garantir os ativos financeiros das instituições bancárias por lá atuantes), até a Ásia.

A "questão GM" começa a preocupar os economistas e sociólogos mais importantes. A GM, para quem a vê de fora, como nós, consumidores, sempre fabricou carros incríveis, brilhantes, que marcaram época pelos quatro cantos do Planeta, mas que nos últimos tempos perderam todo o seu encanto tecnológico, padecendo em ítens como consumo médio, manutenção e segurança embarcada para as novas estrelas asiáticas deste mercado. Com isso, a GM foi perdendo território para outras montadoras, perdendo lucratividade, eficiência. E no afã de retomar o tempo perdido (como se isso fosse possível...), não estancou ou redirecionou seus investimentos. E estes investimentos se demonstraram desastrosos, não revertendo as (baixas) marcas de venda da empresa mundialmente.

A preocupação dos economistas e sociólogos com a GM se dá na medida em que passam a analisar as quantias envolvidas para a sua "salvação". Os valores envolvidos nessa operação são incríveis. Até imorais. E as pessoas de razoável inteligência começam a questionar o que poderia ser realizado com os bilhões de dólares que estão sendo injetados na GM. Em ações sociais, por exemplo, que pudessem ser imediatamente revertidas aos funcionários da GM, ou ex-funcionários, em uma eventual extinção da empresa. E investimentos sociais também repercutem mediatamente, atingindo outras pessoas que não os membros da "família GM".

Neste ponto, ingressam as análises políticas que revestem a questão. O que teria maior valoração política? O resgate da GM, injetando-se quantos bilhões de dólares forem necessários para tal finalidade, ou a extinção da empresa, com a clara demonstração, por parte das principais e mais relevantes autoridades do Planeta, de que a "festa acabou"??

As duas ações, como se sabe, possuem reflexos sociais, econômicos e até mesmo morais. Resta-nos questionar os seus custos e que tipo de sociedade desejamos produzir: aquela que "acaricia" as cabeças dos "criminosos", concedendo-os inúmeros e infindáveis "indultos", ou aquela que visa verdadeiramente aprender com as situações de crise, se "ressociabilizando"??

É o momento de encararmos os fatos. Custe o que custar. Mesmo que isso custe uma GM.

















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