quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

FIESP x Brasil. Será mesmo?

Ao que tudo indica, a tal "marolinha" que o Presidente Gnomo-Barbudo-Desdedado desdenhou, chegou à Costa Brasileira. E com contornos um pouco mais graves. Quase de um tsunâme.

Nesse contexto, a Federação das Indústrias e do Comércio do Estado de São Paulo (FIESP), Presidida pelo, ao que tudo indica, ex-apradrinhado do Sapo Barbudo, Paulo Skaff, iniciou, nesta semana, uma verdadeira avalanche de críticas às atrapalhadas atitudes adotadas pelo Governo Federal em face da evidente crise.

Tudo começou, aparentemente, em razão de uma brilhante declaração de Sua Excelência Ministro do Trabalho, Sr. Carlos Lupi, que também é Presidente do PDT. Segundo o Ministro, as empresas "salvas" da crise pelo Governo, com "recursos públicos", teriam que se comprometer a manter os níveis de empregabilidade. Ou seja: estariam, na visão de Lupi, impedidas de realizar dispensas, mesmo diante do "olho" da crise.

Skaff, nitidamente enervado, concedeu uma entrevista à jornalista Denise Campos de Toledo, do "Jornal da Manhã", da Rádio Joven-Pan, no comecinho do dia de ontem (14/01). Nesta entrevista, o tom adotado pelo Presidente da FIESP surpreendeu até mesmo o experiente Joseval Peixoto, que chegou a indagar ao entrevistado se estava ocorrendo um processo de crise nas relações FIESP x Governo.

As críticas de Skaff, segundo compreendo, foram adequadas e pertinentes. Na entrevista, o Presidente da FIESP destacou que as ações adotadas até o presente pelo Governo Lula demonstram-se incrivelmente incompetentes, já que não atacam os pilares da crise. Segundo Skaff, não seria o momento de "demagogia", como o pronunciamento do Ministro Lupi, que, a partir de um conjunto de frases imbecis, estava a "jogar para a torcida", sem preocupar-se em apresentar alguma sugestão inteligente para o momento.

Skaff se referiu, ainda, ao absurdo de dinheiro que é gasto pelo próprio Governo simplesmente para o pagamendo dos juros de sua dívida. Juros estes fixados, determinados, pelo próprio Governo. Ou o Banco Central (Bacen) não é mais um órgão governamental??

Neste tópico da entrevista, Skaff afirmou que o Governo Federal, ao manterem-se as atuais taxas de juros básicos (SELIC), gastaria, por ano, perto de R$ 50.000.000.000,00 (cinquenta bilhões de reais). E colocava, com incrível clareza, o quanto esses recursos poderiam gerar de benesses ao País, ao conjunto da sociedade. Cobrou, com isso, a imediata revisão desta política macro-econômica adotada pelo Bacen, que vai na contramão de todo o Globo, que reduz as taxas de juros básicos de maneira drástica na tentativa de fazer com que as riquezas não parem de circular.

Utilizou de alguns chavões em seu pronunciamento, como ao afirmar que seria o momento de "com um limão, fazer uma limonada", mas fez colocações muito pertinentes. Como quando atestou que a própria legislação em vigor admite a redução da jornada de trabalho e, consequentemente, de salários. Ferramenta típica aos tempos em que estamos inseridos, de crise global, pois mantém-se, ao menos, o nível médio de empregos por um período maior, evitando-se dispensas, pelo menos momentaneamente.

Skaff, de maneira firme e contundente, até mesmo lançou um desafio ao Ministro Lupi: que fosse publicada uma lista de empresas que teriam sido "salvas" da crise com dinheiro público, questionando a origem destes recursos.

Criticou o sistema financeiro de maneira leve e cordial, atestando que o principal banco governamental, o Banco do Brasil, tem cobrado das empresas, nos empréstimos para capital de giro, um spread bancário muito superior à maioria dos bancos privados.

Em suma: para Skaff, as ações governamentais até agora adotadas não passaram de mera demagogia, sem efeito contra um dos cenários mais graves e contundentes da História Econômica Global.

A entrevista, lúcida, apesar da aspereza, deveria ter sido adotada pelo Governo como uma bússola. Mas, ao contrário, foi objeto de críticas por diversos setores de apoio ao Presidente Lula.

O Presidente da Câmara de Deputados, Arlindo Chinaglia, do PT Paulista, afirmou que a "FIESP joga contra o Brasil" em razão das declarações de Skaff.

Será, mesmo, que a FIESP, ou Skaff, estão a jogar contra o Brasil? Ou será que a FIESP percebeu, tardiamente, é verdade, que o Governo Federal do Presidente Lula não sabe agir, senão "surfar" na onda que vem e que vai?

Lula teve a sorte de viver, em seus 6 anos de mandato cumpridos até o presente, um momento de pujança global. O Mundo enriqueceu. E nesse contexto, o Governo Federal soube se comportar, pois ao menos não atrapalhou a chegada, à nossa Costa, desta "onda boa".

Contudo, já haviam, há pelo menos 2 anos, professores de Economia lauredos que atestavam: já, já o Mundo entrará em um profunda e grave crise econômica.

Foram estes, à época, chamados de "filósofos do Apocalipse", do fim-do-Mundo...

O que Lula e sua "profícua" equipe de Governo deveriam ter feito era parar, por um único instante, de surfar e meditar, refletir, sobre coisas mais importantes do que os irmãos Chaves e Evo.

As reformas que há tanto se demonstram necessárias, como a Tributária e da Previdência, deveriam ao menos ter sido iniciadas.

Se o Brasil ainda não viveu o pior desta crise, mesmo não tendo feito quase nada do que deveria ter sido realizado, podemos até sonhar que a crise nos acançaria, aí sim, como uma "marolinha".

Sem as ações que deveriam ter sido feitas a seu tempo, iremos errar muito mais do que o possível em meio a um instante de grave crise, fazendo com que o custo destes erros sejam muito mais profundos do que o necessário ou do que o tolerável.

Particularmente, tenho a tendência de acreditar que a FIESP não joga contra o Brasil; mas, sim, contra um Governo inativo, inerte e pouco criativo. Desde o seu primeiro dia.

A ficha demorou demais para cair.







Nenhum comentário: