O dia 04 de novembro de 2008 entra para a História. Independentemente de nossas nacionalidades, crenças religiosas, filosóficas ou políticas, deu-se, nesta data, um fato verdadeiramente histórico. Milhões de cidadãos norte-americanos compareceram às urnas e elegeram, com ampla maioria, um homem descendente de negros para a Presidência dos EUA. Isso significa que o País mais influente do Planeta no último Século, e que pretende estender esta liderança no Século XXI, será presidido, comandado, por um homem que diretamente descende de um negro africano. Seu pai era queniano. Barack Hussein Obama, Senador pelo Estado norte-americano de Illinois é o nome do "dono" desta façanha. O fato, de per se, já seria suficiente para entrar, com peso, nos anais da História. Um País onde até pouco mais de 40 anos os negros eram obrigados a andar em lados opostos aos dos brancos nas calçadas, a utilizarem bebedouros distintos, elege um cidadão negro para comandar a nação, demonstrando todo o poder de transformação que a sociedade norte-americana dispõe. Mas esse 04 de novembro de 2008 não entra para a História tão-somente por tal fato. Os EUA suportam a pior crise econômica das últimas 80 décadas. E como se trata do País mais influente do Globo, os efeitos desta crise repercutem, com tentáculos que parecem não terem fim, por todas as outras Nações inseridas no contexto da "globalização econômica", modelo de gestão da economia praticamente imposto em razão dos adventos tecnológicos do final do Século XX (como a internet) e das teorias acadêmicas dos pensadores do "livre mercado". Assim sendo, o primeiro negro a comandar o, no mínimo, País mais influente do Ocidente, recebe a cadeira presidencial em um momento crucial para a História dos EUA. Durante toda a campanha eleitoral que antecedeu o histórico 04 de novembro, Obama resolveu vestir-se com a bandeira da "mudança". Uma palavra tão singela nunca representou tanto. Para os EUA, a "mudança" pregada por Obama significa direcionar o comando do País em uma direção absolutamente distinta da adotada pelo republicano George W. Bush nos últimos 8 anos. Mas não somente no que concerne aos preceitos políticos muitas vezes distintos enre republicanos e democratas. O novo "trajeto" que deverá ser adotado por Obama tem que levar em consideração as questões econômicas que se apresentam. Não somente para alterar, para melhor, a realidade interna dos EUA, mas para "redirecionar" os caminhos econômicos do Mundo. Internamente, questões como o "sub-prime", as altas taxas de desemprego, os baixos níveis de produção e vendas, os novos parâmetros de controle do mercado de capitais, entre outras, são questões que deverao imediatamente povoar o cotidiano do novo Presidente dos EUA. Contudo, qualquer mínima ação ou movimento realizado por Obama, será analisado e refletirá em todo o Planeta, como jamais ocorreu. O futuro econômico depende das ações que serão realizadas ou coordenadas pelo novo mandatário dos EUA. A "mudança" apregoada por Obama representa, do ponto-de-vista meramente filosófico, um sopro de esperança. Ainda é prematuro afirmar, mas as indicações dão conta de que jamais os EUA elegerem um homem tão avançado e imprevisível como ele para o cargo mais relevante daquela nação. Trata-se de um muçulmano. Por mais incrível que possa parecer, a sociedade americana, decantada mundo afora como "conservadora", foi capaz de eleger um Presidente muçulmano. Mesmo após os ataques terroristas de 2001, que "alavancaram", propositalmente ou não, a reeleição de Gerge W. Bush. Contudo, após todos os festejos e toda a aparente "oxigenação" que a eleição de Obama representa, se faz necessário ponderar se o novo Presidente dos EUA reunirá condições políticas para colocar em prática todos os preceitos que parece representar. O Congresso eleito é amplamente democrata. Isso, em tese, poderia auxiliar Obama a praticar suas crenças políticas. Mas ocorre que mesmo dentro do partido democrata existem tendências menos "avançadas" e Obama, um negro muçulmano, terá que negociar diversos tópicos com os protestantes, novos católicos e judeus que dominam o cenário político de Washington. Externamente, Obama terá que dissolver as desconfianças de Israel, importantíssimo aliado dos EUA em um dos cenários mais instáveis do Globo. Ademais, a Rússia parece recomeçar a "gostar" de utilizar as Armas como instrumento de "persuasão", como no recente caso da Georgia. Hugo Cháves, Evo Morales e Rafael Correa tentam, a todo o custo, desestabilizar o cenário da América Latina. Os árabes nunca estiveram tão ameaçados, em razão do crescimento da "onda ecológica" que traz consigo os "combustíveis verdes", como o etanol. Ao largo, os novos capitalistas indianos parecem dispor de força e capital como nunca antes, expandindo seus limites de atuação e passando a competir com empresas norte-americanas em campos antes impensáveis, como na indústria automobilística. O Brasil, esse eterno "gigante adormecido", parece tender a acordar, em razão do álcool combustível, das novas descobertas de reservas petrolíferas e de empresas globais que se consolidam a cada dia, como a Vale e as pertencentes ao mercado financeiro e bancário. Os desafios impostos a Obama, como se percebe, não são poucos. Tudo isso somado à desconfiança que um qualquer mínimo equívoco na sua administração fará surgir, servindo de combustível aos seus opositores, a maioria conservadores. Que a vitória de Obama neste 04 de novembro de 2008 possa significar ainda mais do que aparenta, unindo o Planeta, politicamente, como jamais visto. Se isso vier a ocorrer, será, certamente, o maior legado a ser deixado pela gestão de Obama.
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