Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, ou somente Dadá, foi um dos maiores artilheiros da História do Futebol Brasileiro.
Como a sua própria História de vida, Dadá sempre foi emblemático. Começou na vida de boleiro tardiamente, como escapatória (ou mesmo última alternativa) de uma vida marginal. Ao perder sua mãe aos 5 anos de idade, Dadá foi internado pelo pai em um dos complexos da antiga FUNABEM (Fundãção Nacional de Bem-Estar ao Menor). O intuito do pai era o melhor: como não tinha condições materiais de criar os filhos, pretendia que Dadá pudesse ser apresentado à uma profissão e, após passar pelos cursos e oficinas, exercê-la. Mas a teoria se afastou do cotidiano.
Dadá transformou-se em uma criança revoltada, irritadiça, daquelas bem pestosas e que quase ninguém suporta. Não se adaptava a nenhuma dos ofícios a que era apresentado em seu período de internação e resolveu aderir à marginalidade, na prática de pequenos delitos.
Cansado de apanhar da Polícia, viu no Futebol uma via de escape e de esperança. Mas não possuía a menor intimidade com a redonda, o que o tornava uma peça descartável nos times em que passou a "brincar de atuar".
Desta maneira, resolveu praticar o que seria o seu último delito: furtou uma bola de futebol. Desta maneira, se ele fosse substituído dos time, o jogo terminaria, pois ele, o dono da bola, a levaria consigo.
Dadá desfilou o seu jeito desengonçado de jogar futebol por 16 equipes profissionais de futebol, tendo anotado nada mais, nada menos que 926 gols! Marca absolutamente impressionante!
É dono de alguns recordes, entre eles um mundial: anotou 10 gls na mesma partida. Tambpem foi artilheiro do Brasileirão por 3 oportunidades, feito até hoje não alcançado desde a criação, em 1971, do Campeonato Brasileiro.
Dadá não era um jogador de técnica. Definitivamente. Mas possuía velocidade e impulsão ímpares. Daí ter se destacado nos cabeceios, anotando centas de gols desta forma.
Ficou até mesmo famosa a analogia com um beija-flor: parecia que Dadá, ao cabecear, "parava" no ar, assim como o simpático passarinho.
Dadá resolveu, para compensar a sua notória ausência de técnica, desenvolver o chamado "marketing pessoal". Dizem até que Dadá teria sido o precursor desta forma de "apresentação". E sempre baseou a sua atuação nesse cenário através de frases muito bem elaboradas, com o claro intuito de impactar o ouvinte. Assim, Dadá não seria esquecido.
Uma de suas frases mais lmbradas até os nossos dias é a que dá título a este escrito: "Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática."
Reza a lenda que esta frase surgiu em meados da década de 1970. O Brasil, com Dadá na reserva, havia conquistado a Copa do Mundo do México, em 1970, e passava por rápidas transformações em seu estilo de jogo.
Algumas dessas alterações tinham referência no futebol de alguns Países Europeus. E estavam interconectadas através do binômio esquema tático x preparação física.
O futebol tornava-se cada vez mais veloz, em razão do aprofundamento da condição atlética dos jogadores profissionais, em especial nos Campeonatos Europeus. No Brasil, treinadores como Rubens Minelli e Claudio Coutinho alertavam que se o Brasil permanecesse à parte dessas transformações, iria perecer no cenário do futebol.
Em 1974, o Ajax, equipe sediada em Amsterdan, Holanda, surpreendia o mundo do futebol ao sagrar-se, sem qualquer tradição, campeã europeia, revelando uma geração de jogadores altos, atléticos e com excelente preparo técnico, onde se destacava, por exemplo, Johan Cruyff.
E para espanto de todos, naquele mesmo ano, 1974, a seleção holandesa, com a base do Ajax, apresentava ao mundo o "carrossel holandês", esquema de jogo baseado na marcação sob pressão, já na defesa do oponente, onde a maioria dos atletas não guardava posições fixas, dificultando a marcação da equipe adversária. O mentor deste esquema, o treinador Rinus Michels, carimbou seu passaporte para ingressar na História do Futebol. Naquela Copa, e na seguinte, em 1978, a Holanda sagrou-se vice-campeã. Mas o título, naquele estágio, seria apenas um detalhe, tamanho a perplexidade que tomou conta dos analistas da bola.
O fato era que o futebol estava em transformação. Jogadores altamente técnicos, mas que não dispunham de condição atlética, não atingiam as equipes profissionais. Minelli chegou até a asseverar que jopgadores com menos de 1,70 m de altura não jogariam nas equipes por si treinadas.
Neste momento de transformações, dadá foi indagado sobre essas transformações e como ele, que havia vivido o apogeu do futebol arte, a Seleção Brasileira de 1970, iria se adapta aos novos tempos.
Nasceu, aí, a frase que dá título ao artigo de hoje. Para Dadá, de nada adiantaria discutir-se se o melhor esquema de jogo seria atuar com 2 ou 3 atacantes, com 3, 4 ou 5 homens de meio-campo, se não houvesse o "homem-gol", aquele responsável por anotar tantos tentos fossem possíveis.
Dizia Dadá que qualquer esquema tático que permitisse o surgimento de oportunidades ao goleador era bom. Nesse contexto, afirmou, então, aos jornalistas: "Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática.". Para Dadá, a solução estava nos gols. Simplesmente compreensível. E plenamente aceitável.
Dadá, então, coma simplicidade que sempre o caractrizou, colocou uma pá de cal na discussão. Sem gols, os jogos terminariam empatados em zero a zero e não haveriam vencedores e vencidos. Seja qual fosse o esquema tático adotado pelas equipes.
No atual cenário político brasileiro, temos na Presidência da República uma "espécie de Dadá", Lula, que também teve uma infância sofrida e que, empiricamente, desenvolveu todas as suas habilidades. E foram estas habilidades políticas que o levaram à Presidência, atingindo o ápice da política nacional. Assim como Dadá também fez, vestindo a camisa 9 de grandes equipes do futebol, que marcaram e entraram para História.
Lula, sempre que possível, destila o seu talento frasista, como se inspirado por Dadá. Desde que assumiu a Presidência, em 1.º de janeiro de 2003, Lula repete, por exemplo, que "nunca na História deste País" se adminstrou a nação como atualmente é feito. Pode vir a ter razão. Mas somente o tempo, a própria História, é que asseverará tal fato. Ou pode apenas estar pregando uma peça de marketing, com objetivos meramente políticos. O que também somente o tempo nos dirá.
O fato é que frasistas por frasistas, prefiro Dadá. Dadá era, além de mais inteligente na construção de seus slogans, mais realista. Com suas frases, dadá nunca enfrentou a realidade. Tudo bem que é impossível a um ser humano "parar no ar" como fazem os beija-flores. Mas que era essa a impressão que tínhamos ao ver Dadá subir para um cabeceio, era!
Lula, ao contrário, sempre cria suas frases para tentar subverter a lógica. Diz que o maior programa social de todos os tempos foi criado e adminstrado sob a sua gestão, o 'Bolsa-Família", sendo que todos sabem que a criação do tal programa se deve ao governo antecedente e à Lula, a sua ampliação. Afirma que as coisas passaram a ocorrer no Brasil pelo modelo adotado em seu Governo, sendo que todos sabemos que o modelo atual foi imposto por uma ação governamental denominada "Plano Real", que impôs um novo modelo de gestão pública, que evoluirá a cada nova gestão, a cda novo mandatário.
A última do nosso Presidente ocorreu na semana passada, quando, em um evento de apoio à candidatura de Dilma à sua sucessão, no RJ, afrimou, cabalmente, que as tentativas de fazê-lo respeitar a legalidade que é aplicada às eleições seria um verdadeiro "golpe", com o intuito de impedi-lo de participar das eleições.
Ora: se respeitar a lei em vigor é um golpe, todos nós, que recolhemos nossos impostos em dia, que pagamos o pedágio quando utilizamos uma determinada estrada, que pagamos nossas contas, somos golpistas, por respeitarmos as leis em vigor.
Não creio que sejamos "golpistas" por respeitarmos a legalidade. Muito pelo contrário. E se convivemos em um Estado Democrático de Direito, a lei deve ser aplicada e exigida para e de todos, incluindo-se o Presidente da República.
A legislação eleitoral visa, para equilibrar as forças políticas que embatem, impedir que um mandatário de cargo eletivo atue ostensivamente na sua sucessão. É em respeito ao Princípio da Equidade que a lei assim manda que o Presidente, o Governador e o Prefeito, por exemplo, não atuem abertamente em favor de candidatos à sua sucessão, para que não haja a utilização da máquina estatal em favor deste ou daquele. O objetivo é garantir igualdade de chances para todos os que pleiteam aquele cargo.
Mas Lula acha, realmente, que respeitar a Legalidade e a Equidade é um "golpe" contra si.
Ok. Cada País possui o Presidente e Líder Pólitico que merece. Assim como o goleador.