segunda-feira, 19 de julho de 2010

Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática!

Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, ou somente Dadá, foi um dos maiores artilheiros da História do Futebol Brasileiro.
Como a sua própria História de vida, Dadá sempre foi emblemático. Começou na vida de boleiro tardiamente, como escapatória (ou mesmo última alternativa) de uma vida marginal. Ao perder sua mãe aos 5 anos de idade, Dadá foi internado pelo pai em um dos complexos da antiga FUNABEM (Fundãção Nacional de Bem-Estar ao Menor). O intuito do pai era o melhor: como não tinha condições materiais de criar os filhos, pretendia que Dadá pudesse ser apresentado à uma profissão e, após passar pelos cursos e oficinas, exercê-la. Mas a teoria se afastou do cotidiano.
Dadá transformou-se em uma criança revoltada, irritadiça, daquelas bem pestosas e que quase ninguém suporta. Não se adaptava a nenhuma dos ofícios a que era apresentado em seu período de internação e resolveu aderir à marginalidade, na prática de pequenos delitos.
Cansado de apanhar da Polícia, viu no Futebol uma via de escape e de esperança. Mas não possuía a menor intimidade com a redonda, o que o tornava uma peça descartável nos times em que passou a "brincar de atuar".
Desta maneira, resolveu praticar o que seria o seu último delito: furtou uma bola de futebol. Desta maneira, se ele fosse substituído dos time, o jogo terminaria, pois ele, o dono da bola, a levaria consigo.
Dadá desfilou o seu jeito desengonçado de jogar futebol por 16 equipes profissionais de futebol, tendo anotado nada mais, nada menos que 926 gols! Marca absolutamente impressionante!
É dono de alguns recordes, entre eles um mundial: anotou 10 gls na mesma partida. Tambpem foi artilheiro do Brasileirão por 3 oportunidades, feito até hoje não alcançado desde a criação, em 1971, do Campeonato Brasileiro.
Dadá não era um jogador de técnica. Definitivamente. Mas possuía velocidade e impulsão ímpares. Daí ter se destacado nos cabeceios, anotando centas de gols desta forma.
Ficou até mesmo famosa a analogia com um beija-flor: parecia que Dadá, ao cabecear, "parava" no ar, assim como o simpático passarinho.
Dadá resolveu, para compensar a sua notória ausência de técnica, desenvolver o chamado "marketing pessoal". Dizem até que Dadá teria sido o precursor desta forma de "apresentação". E sempre baseou a sua atuação nesse cenário através de frases muito bem elaboradas, com o claro intuito de impactar o ouvinte. Assim, Dadá não seria esquecido.
Uma de suas frases mais lmbradas até os nossos dias é a que dá título a este escrito: "Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática."
Reza a lenda que esta frase surgiu em meados da década de 1970. O Brasil, com Dadá na reserva, havia conquistado a Copa do Mundo do México, em 1970, e passava por rápidas transformações em seu estilo de jogo.
Algumas dessas alterações tinham referência no futebol de alguns Países Europeus. E estavam interconectadas através do binômio esquema tático x preparação física.
O futebol tornava-se cada vez mais veloz, em razão do aprofundamento da condição atlética dos jogadores profissionais, em especial nos Campeonatos Europeus. No Brasil, treinadores como Rubens Minelli e Claudio Coutinho alertavam que se o Brasil permanecesse à parte dessas transformações, iria perecer no cenário do futebol.
Em 1974, o Ajax, equipe sediada em Amsterdan, Holanda, surpreendia o mundo do futebol ao sagrar-se, sem qualquer tradição, campeã europeia, revelando uma geração de jogadores altos, atléticos e com excelente preparo técnico, onde se destacava, por exemplo, Johan Cruyff.
E para espanto de todos, naquele mesmo ano, 1974, a seleção holandesa, com a base do Ajax, apresentava ao mundo o "carrossel holandês", esquema de jogo baseado na marcação sob pressão, já na defesa do oponente, onde a maioria dos atletas não guardava posições fixas, dificultando a marcação da equipe adversária. O mentor deste esquema, o treinador Rinus Michels, carimbou seu passaporte para ingressar na História do Futebol. Naquela Copa, e na seguinte, em 1978, a Holanda sagrou-se vice-campeã. Mas o título, naquele estágio, seria apenas um detalhe, tamanho a perplexidade que tomou conta dos analistas da bola.
O fato era que o futebol estava em transformação. Jogadores altamente técnicos, mas que não dispunham de condição atlética, não atingiam as equipes profissionais. Minelli chegou até a asseverar que jopgadores com menos de 1,70 m de altura não jogariam nas equipes por si treinadas.
Neste momento de transformações, dadá foi indagado sobre essas transformações e como ele, que havia vivido o apogeu do futebol arte, a Seleção Brasileira de 1970, iria se adapta aos novos tempos.
Nasceu, aí, a frase que dá título ao artigo de hoje. Para Dadá, de nada adiantaria discutir-se se o melhor esquema de jogo seria atuar com 2 ou 3 atacantes, com 3, 4 ou 5 homens de meio-campo, se não houvesse o "homem-gol", aquele responsável por anotar tantos tentos fossem possíveis.
Dizia Dadá que qualquer esquema tático que permitisse o surgimento de oportunidades ao goleador era bom. Nesse contexto, afirmou, então, aos jornalistas: "Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática.". Para Dadá, a solução estava nos gols. Simplesmente compreensível. E plenamente aceitável.
Dadá, então, coma simplicidade que sempre o caractrizou, colocou uma pá de cal na discussão. Sem gols, os jogos terminariam empatados em zero a zero e não haveriam vencedores e vencidos. Seja qual fosse o esquema tático adotado pelas equipes.
No atual cenário político brasileiro, temos na Presidência da República uma "espécie de Dadá", Lula, que também teve uma infância sofrida e que, empiricamente, desenvolveu todas as suas habilidades. E foram estas habilidades políticas que o levaram à Presidência, atingindo o ápice da política nacional. Assim como Dadá também fez, vestindo a camisa 9 de grandes equipes do futebol, que marcaram e entraram para História.
Lula, sempre que possível, destila o seu talento frasista, como se inspirado por Dadá. Desde que assumiu a Presidência, em 1.º de janeiro de 2003, Lula repete, por exemplo, que "nunca na História deste País" se adminstrou a nação como atualmente é feito. Pode vir a ter razão. Mas somente o tempo, a própria História, é que asseverará tal fato. Ou pode apenas estar pregando uma peça de marketing, com objetivos meramente políticos. O que também somente o tempo nos dirá.
O fato é que frasistas por frasistas, prefiro Dadá. Dadá era, além de mais inteligente na construção de seus slogans, mais realista. Com suas frases, dadá nunca enfrentou a realidade. Tudo bem que é impossível a um ser humano "parar no ar" como fazem os beija-flores. Mas que era essa a impressão que tínhamos ao ver Dadá subir para um cabeceio, era!
Lula, ao contrário, sempre cria suas frases para tentar subverter a lógica. Diz que o maior programa social de todos os tempos foi criado e adminstrado sob a sua gestão, o 'Bolsa-Família", sendo que todos sabem que a criação do tal programa se deve ao governo antecedente e à Lula, a sua ampliação. Afirma que as coisas passaram a ocorrer no Brasil pelo modelo adotado em seu Governo, sendo que todos sabemos que o modelo atual foi imposto por uma ação governamental denominada "Plano Real", que impôs um novo modelo de gestão pública, que evoluirá a cada nova gestão, a cda novo mandatário.
A última do nosso Presidente ocorreu na semana passada, quando, em um evento de apoio à candidatura de Dilma à sua sucessão, no RJ, afrimou, cabalmente, que as tentativas de fazê-lo respeitar a legalidade que é aplicada às eleições seria um verdadeiro "golpe", com o intuito de impedi-lo de participar das eleições.
Ora: se respeitar a lei em vigor é um golpe, todos nós, que recolhemos nossos impostos em dia, que pagamos o pedágio quando utilizamos uma determinada estrada, que pagamos nossas contas, somos golpistas, por respeitarmos as leis em vigor.
Não creio que sejamos "golpistas" por respeitarmos a legalidade. Muito pelo contrário. E se convivemos em um Estado Democrático de Direito, a lei deve ser aplicada e exigida para e de todos, incluindo-se o Presidente da República.
A legislação eleitoral visa, para equilibrar as forças políticas que embatem, impedir que um mandatário de cargo eletivo atue ostensivamente na sua sucessão. É em respeito ao Princípio da Equidade que a lei assim manda que o Presidente, o Governador e o Prefeito, por exemplo, não atuem abertamente em favor de candidatos à sua sucessão, para que não haja a utilização da máquina estatal em favor deste ou daquele. O objetivo é garantir igualdade de chances para todos os que pleiteam aquele cargo.
Mas Lula acha, realmente, que respeitar a Legalidade e a Equidade é um "golpe" contra si.
Ok. Cada País possui o Presidente e Líder Pólitico que merece. Assim como o goleador.

sábado, 8 de maio de 2010

Coisas

"Coisas familiares acontecem, e a humanidade não se preocupa com elas. A análise do óbvio requer um tipo de mente extremamente incomum." (Alfred Whitehead, 1928).
Não deixe de analisar o comum, por mais óbvio que seja. Pois são comuns, simples e, muitas vezes, simplistas, várias das melhores coisas da vida, como o beijo, o carinho, o abraço...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O sal da Vida.

"Agora me diga: pode um homem que odeia a si próprio amar alguém?
Pode ele estar em harmonia com alguém se está internamente cindido, ou dar prazer a alguém se é apenas um peso detestável a si mesmo?
Ninguém, suponho, dirá que pode, a não ser que seja mais louco ainda que a Loucura.
Pois bem, remova-me [a Loucura], e ninguém mais conseguirá suportar seus semelhantes, cada um passará a feder em sua próprias narinas e a considerar tudo a su próprio respeito fétido e repulsivo. [...]
O que existe de mais tolo que a auto-satisfação e a auto-admiração?
Mas como agir com graça, brilho e encanto se não se está satisfeito consigo mesmo?
Retire esse sal da vida, e imediatamente o orador se tornará maçante, o músico produzirá tédio com sua melodia, o desempenho do ator será vaiado, o poeta e as musas serão objeto de riso, o pintor e suas obras perderão valor, e o médico passará fome com seus remédios. "
Erasmo de Roterdam (1511)

terça-feira, 13 de abril de 2010

O exílio da alma.

De tempos em tempos, a vida nos prepara algumas "surpresas". Tomo a liberdade de escrever o termo entre aspas pois desejo que seu sentido seja relativizado, pois muitas destas "surpresas" não são tão surpreendentes assim.
A questão é que não enxergamos um palmo à nossa frente. Assim, tudo o que vier a ocorrer pode vir a ser surpreendente. Mas se agíssemos ao inverso, se nos habituássemos a caminhar pela vida de cabeça erguida, olhando sempre em frente, não seríamos pegos de "surpresa" tão facilmente.
Analisando por outro ângulo, temos o péssimo hábito de idealizar o comportamento das pessoas, especialmente as mais próximas. E quando a pessoa resolve dar uma de "pessoa", o que é absolutamente normal, e atuar de acordo com os seus sentimentos e percepções, quase sempre somos "surpreendidos" por suas atitudes e comportamentos, sempre muito diferenciados daquilo que havíamos imaginado...
Difícil a vida assim, não? Não, cara-pálida!
Somos nós, através das nossas atitudes, que dificultamos a tal da vida. Nada acontece por acaso. Em absoluto.
Viver nada mais é do sentir, perceber e apreender com a sucessão de fatos que ocorrem em nosso cotidiano.
Mas nem sempre estamos dispostos fazer isso. Nem sempre estamos preparados para realizar todas as ações ncessárias à vida.
O gostoso de viver é ser surpreendido. Isso é fato. E o que diferencia as pessoas é a forma de processamento adotada para estes fatos, para estas informações.
Quando idealizamos uma pessoa e suas atitudes, corremos o risco, severo, de nos arrependermos. Primeiro, por que esquecemos que essa outra pessoa nada mais é do que um ser humano, cheio de virtudes, mas recheado de defeitos. Segundo, por que não é direito de ninguém desejar que as outras pessoas ajam de acordo com os seus interesses, com os seus anseios, com as suas necessidades.
A liberdade, de pensar e de agir, é a real dimensão do amor. Quem ama, liberta.
E é o amor o verdadeiro exílio da alma. Sem amor, a alma enrudesce, deixa de adotar a sua face mais carinhosa para fantasiar-se de algo que não guarda relação com o ser humano. Algo duro e inflexível.
Infelizes aqueles que não conseguem permitir que o amor permeie as suas almas, pois tornam-se pessoas indesejáveis.
Poderia pensar em adotar outros tantos significados para os "sem amor", que estão por aí, aos milhares. Mas creio que "indesejável" seja a instância mais dura que consigo atingir.
Sim, pois o ser desejável é o ser agradável, bondoso, generoso, simpático, educado, cordato, inteligente, amoroso e, como corolário, amado. O indesejável, a antítese de tudo isso.
A beleza é o resultado de sermos internamente desejáveis, como se fosse um prêmio! Não é, certamente, a causa de sermos desejáveis.
Não creio que o ser humano nasça provido da capacidade de desamar. Ao contrário, acredito no amor como força motriz de todas as realizações humanas. Pois é por amor à humanidade que os cientistas e técnicos, tão céticos das coisas imateriais, atuam cotidianamente, buscando o melhor, a evolução em seus campos de atuação.
Acredito que algumas pessoas sejam, sim, influenciáveis. Se deixam abater facilmente por fatores externos, escapando conscientemente daquilo que realmente são.
Todos nós vivenciamos coisas incríveis e não tão incríveis assim ao longo de nossas vidas. O que diferencia os homens entre si é como processamos os fatos.
Passamos por momentos ótimos e por momentos difíceis. Mas da mesma forma que não podemos nos tornar arrogantes ou prepotentes diante dos fatos bons, não podemos nos tornar descrentes com a vida em razão dos fatos ruins!
É óbvio que a alma chorará, sangrará diante das dificuldades. Mas é da mesma maneira óbvio que a fortaleza humana, nascida nas entranhas da alma e transmitida ao coração, prevalecerá, cicatrizando as feridas. Marcas surgirão. Mas serão apenas cicatrizes, nada mais do que isso.
Basta acreditar e agir nesse sentido.
Muitas pessoas buscam, como forma de levar a vida, o afastamento da alma. Como se amar e ser feliz fosse um "pecado", não permitido.
Na minha opinião, uma bobagem, apesar de respeitar, por princípio, também quem deseja o desamor.
Mas não reclame da sorte, cara-pálida! Colhemos aquilo que plantamos. E ao plantarmos o desamor, colheremos as atitudes mais rudes e impiedosas! Pois o ser humano, ameaçado, transmuta-se na fera mais vingativa da natureza...
Por isso não somos perfeitos. Por isso somos uma obra divina em execução, em aperfeiçoamento.
E como seria chato o mundo repleto de amorosos; e como seria horrível uma realidade repleta de desamorosos.
De tudo isso, não se esqueça da única verdade exposta através destas linhas: o amor é o exílio da alma.
Não se afaste daquilo que você realmente é, da sua alma. Pois ao agir desta maneira, você estará tentando enganar a sua própria natureza, o qué é, sabemos, impossível de ser executado.
Não se afaste da alma. Não se afaste do amor.
Mesmo os mais eruditos sabem que é a alma o abrigo da dores e amores do ser.
Francis Bacon, um destes eruditos, que teve uma vida intensa e festejada até nossos dias, ao ser condenado pela prática de corrupção (é, isso mesmo...), em 1621, escreveu: "Minha alma tem sido uma estranha no curso de minha peregrinação."
Não se afaste do verdadeiro exílio da alma, o amor. Abrigue a sua alma, amorosamente. Aceite-a e trabalhe, arduamente, para fazê-la prosperar, melhorar, cotidianamente.
Sob pena de, ao final da vida, sermos condenados pelo tribunal de nossas consciências pela prática de corrupção...da alma!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não se deixe morrer pela fome. Entendeu?

Estamos vivendo tempos complicados. Culturalmente, vivemos umas das mais estranhas fases da História da Humanidade. Com o advento de diversas tecnologias que facilitam monstruosamente o nosso cotidiano, passamos por uma fase de aprofundadas e irreversíveis transformações sociais e culturais. Só o tempo dirá onde chegaremos com isso.
As mudanças ou evoluções são mais do que bem-vindas. Pelo menos deveriam ser. Toda e qualquer mudança, altera um estado de coisas precedente, até então preponderante, transformando aquilo ao que diz especial respeito e, como consequência, todo o resto ao seu redor.
Quando uma folha de uma árvore, uma só, cai ao chão, inicia-se um processo de transformação naquela árvore e, por óbvio, no chão. Na árvore, será aberto espaço para o nascimento de um broto fresco, verde, vigoroso. No chão, a decomposição daquilo que não mais servia à árvore, deixará o solo enriquecido.
Toda essa figura de linguagem está sendo utilizada por mim para ressaltar o que penso: nada ou ninguém é naturalmente insubstituível.
Faz parte da natureza em que estamos inseridos o descarte, o desapego. Ocorre que nos últimos Séculos fomos instados a raciocinar no sentido inverso, apegando-nos à coisas, situações e até mesmo pessoas. Sem nenhuma necessidade e afastando-nos, com isso, da nossa verdadeira natureza.
A religião, a filosofia, os dogmas econômicos, políticos e sociais nos "ensinaram", nos últimos tempos, a escapar daquilo que realmente somos. Nos venderam, através de estratégias de marketing brilhantes e extremamente bem-sucedidas, que a real evolução do ser humano somente se daria quando este se afastasse do "monstro natural" que existe em seu interior.
Confundiram, ao meu ver, as coisas. Não é porque pensamos mais, refletimos mais, discutimos mais, que dispomos de mais liberdade, que evoluímos. A liberdade é um riqueza inata à natureza humana. Nasce com a nossa primeira célula constituída. Não deveria ser, portanto, objeto de preocupação. Mas quando os doutos se preocupam em "ensiná-la", em transmiti-la, é por que há algo de muito esquisito ocorrendo.
Vivemos na América Latina e, especificamente, no Brasil. Um País riquíssimo em todos os aspectos. Mas que está, sabe-se lá Deus por que, condenado à mediocridade.
Nossos pensadores, ao invés de instituírem a "meritocracia", aquele sistema onde cada um tem seu espaço de acordo com as suas capacidades desenvolvidas de maneira exponencial, resolveram instutuir a "idiocracia", aquele sistema onde "vence" o mais idiota.
E o idiota brasileiro é um pouco diferente do clássico idiota latino-americano. Ele também é bunda-mole, também acha que sabe tudo de todos, é o senhor da verdade absoluta, se acha extremamente sexy e bonitão, adora se passar por "esquerdista intelectualizado" mas nunca leu nada na sua vida além de revista de mulher pelada ou o Pequeno Príncipe, acredita que é um injustiçado pelos Céus, acha que trabalha demais e recebe de menos...isso tudo nos une aos idiotas clássicos da AL.
Mas somos invejosos, coisa que alguns idiotas latino-americanos não são.
Temos inveja dos nossos vizinhos que conseguiram comprar um carro novo. Temos inveja dos livros "lindamente encadernados" de uma casa elegante que visitamos (e a preocupação com o conteúdo???). Temos inveja das fotos de viagem à Paris de alguém conhecido. Temos inveja das várias línguas que um amigo de um conhecido do futebol diz que fala.
E essa inveja nos paralisa. Nos impede de crescermos. De realizarmos, de tiramos a bunda da cadeira e aprendermos línguas, de trabalharmos cada dia mais, pouparmos mais, para um dia irmos à Paris ou comprarmos um carro novo.
O idiota brasileiro fica lá, no canto da sala, em depressão, se remoendo com tudo e com todos.
E esse mesmo idiota brasileiro tem inveja até mesmo do Lula. É! Do Lula!
Esse idiota brasileiro diz "Que história incrível tem esse sujeito, né? Saiu do nada e chegou à Presidência...poxa...". Tem até idiota que faz filme sobre isso. Mas esse idiota brasileiro não consegue perceber, tomado pela inveja paralisante do Brasil, que a ele, estudado, com duas faculdades no lombo, que fala inglês e arranha ainda outras línguas, seria ainda mais fácil chegar à tal "Presidência"!
O idiota brasileiro analisa e se preocupa apenas com o fato, não com o conteúdo. Ele não analisa, ou não quer, por preguiça ou pela inveja paralisante, se os sucessivos mandatos de Lula foram bons para a sociedade em geral. Se tendo chegado à Presidência, Lula se aproveitou (no bom sentido) de sua história doída e sofrida e transformou, de fato, o País.
O idiota brasileiro não consegue exercer esse juízo de valor. A inveja paralisante o impede de fazê-lo.
E o impede, também, de analisar os fatos do cotidiano e de refletir sobre estes, criando um posicionamento lógico. Dá preguiça pensar demais.
Será que somente algumas poucas pessoas, assim como eu, estão estranhando os fatos das últimas semanas?
Primeiro, o tal "mal-estar" do Lula em Recife; segundo, a tal cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Cancún, onde se "excluiu" EUA e Canadá das discussões e debates para criar a "OEA B", onde se discutiram "temas de relevo", que mudarão realmente o futuro da região, tais quais declarar apoio ao programa nuclear do Irã, "peitar" a ONU e ao Reino-Unido sobre as Ilhas Malvinas e, por fim, logo em seguida a esta aberração política, culminar com uma visita do Lula sem motivos aparentes à Cuba e ao ditador Fidel Castro...
Qual o intuito do estereótipo do nosso idiota brasileiro em "provocar" tanta coisa em tão pouco espaço de tempo? Lembre-se que nada é por acaso...a folha cai da árvore por um própósito!
Mas, meu amigo, minha amiga, não se preocupe ou se abata com isso! Faça como o nosso chefe mandou, ao comentar o falecimento de um dos opositores ao regime de exceção cubano, em um dos momentos mais sublimes da Humanidade nos últimos tempos: não se deixe morrer pela fome.
É bobagem.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

As mudanças...às mudanças!

Imaginamos que a nossa passagem pela Vida se dê, sempre, da maneira mais tranquila possível.
Não me refiro aquele marasmo sem graça, sem que nada de novo ou diferente se manifeste.
Refiro-me aos denominados "sustos" que a tal da Vida, de vez em quando, nos prega.
Nada seria mais agradável do que uma existência inteira, uma Vida todinha, sem percalços e imprevistos, como se estivéssemos à beira-mar, em um dia ensolarado, bebericando, o tempo todo, um espumante geladíssimo...mas nada seria mais tedioso!
Nem sempre desfrutaremos de "dias ensolarados" em nossas Vidas. Isso é fato. E um fato chato, desagradável, mas imutável, pois faz parte da natureza humana, consciente ou inconscientemente, arriscar, expor-se aos tais "sustos".
Como somos insatisfeitos por natureza, procuramos, muitas vezes em zonas perigosas, atingir os nossos limites, os nossos anseios, os nossos sonhos.
E nesse exercício (ou seja, quase todo o dia...), nos expomos às dificuldades inerentes ao tratamento do novo, daquilo que é novidade, daquilo que é totalmente inesperado.
A única certeza da Vida é que um dia, cedo ou tarde, realizaremos a nossa "grande jornada", quando nos defrontaremos com tudo aquilo que realizamos e que deixamos de realizar durante a nossa existência.
O resto é novo, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto, segundo após segundo...
E nunca, de fato, estaremos preparados para o novo. Achamos, sempre, que sim, que estamos preparados para tudo. Mas sabemos que nem a nós mesmos conseguimos enganar.
A delícia de viver está em absorver o impacto profundo que estas novidades nos causam, processando-as de maneira intensa e integral, aceitando-as ou atuando no sentido de transformá-las, dependendo de nossos interesses, da nossa missão.
Desta forma, que venham, a cada instante, mais e mais novidades, mais e mais mudanças, mais e mais novas sensações, novas inseguranças, novos "sustos", todos remetidos pela Vida.
Após a absorção de tanta coisa, nos fartaleceremos e seguiremos a nossa trilha, no sentido do bem-viver, do equilíbrio.
Às mudanças, portanto!
À você, Gatona, que me transforma a cada dia em uma pessoa melhor, fortalecida pelo Amor.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Eleições 2010 (again)

Irei recorrer, mais uma vez, ao tema das Eleições que ocorrerão no segundo semestre do ano que virá. Além de escolhermos quem será o próximo Presidente da República, elegeremos, também, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais.
Obviamente, as eleições para a Presidência nortearão as demais, como é comum. O partido que vier a se tornar o vencedor do pleito mais relevante, certamente se beneficiará deste fato no âmbito dos Estados, o que influirá na composição final do mapa político.
É mais do que cediço que os nomes para a Presidência devem gravitar em torno de Dilma Roussef, a eleita do Presidente Lula e, consequentemente, imposta à cúpula petista, de José Serra ou Aécio Neves, pelo PSDB, de Marina Silva, pelo PV e, talvez, Ciro Gomes, pelo PSB.
Na semana que se passou, a maioria dos Estados brasileiros foi vitimada por chuvas torrenciais, como quase nunca vistas. Mas você deve estar se perguntando: qual a relação entre as chuvas da semana passada e as Eleições do ano que virá? E eu responderei: a relação é absoluta!
Explico: nós, eleitores brasileiros, ainda não muito acostumados com essa história de "democracia", analisamos os nossos políticos através de ítens um tanto quanto superficiais. Gostamos mais dos políticos simpáticos, bem-apessoados, que se vestem com elegância, que estão sempre sorrindo e que possuem respostas prontas para tudo; não gostamos muito daqueles políticos que não são assim tão bem-apessoados, que não são tão elegantes, que possuem um sorriso amarelado e que nem sempre conseguem responder a todos os questionamentos.
Sem querer julgar tal constatação, o fato é que isso é natural, pois é muito mais aprazível uma pessoa que estimule os nossos sentidos positivamente do que ao contrário. É natural dos seres humanos buscar a realização e todos nós possuímos estereótipos para tanto. Assim, um terno de corte, coloração e caimento impecáveis torna-se mais atraente do que o inverso disto.
Nós, ainda, na política, nos apegamos à imagem dos políticos, e não ao seu conteúdo. Ou, melhor: à imagem transmitida por aquele político, que nem sempre é real.
As chuvas da semana que se passou, assim, guardam relação com as eleições de 2010 na medida em que julgamos, apenas, o discurso dos nossos políticos, não a sua capacidade adminstrativa.
Queremos que um Prefeito, quando prometeu acabar com as enchentes, o faça. Desejamos que um Governador, quando prometeu diminuir tributos, assim proceda. E almejamos que o nosso Presidente seja um sujeito bem bacana e que faça, em um ou dois mandatos, tudo aquilo que nunca foi realizado em prol da Cidadania na História do Brasil.
Quase nunca analisamos se estes nossos representantes realmente possuem ou possuirão, ao longo de suas carreiras, condições para o cumprimento de tantas promessas, de tantos compromissos.
É óbvio que a capacidade intelectual não está relacionada à capacidade de realização. Isso é um fato inexorável. A História, em todos os segmentos, nos apresenta inúmeros exemplos nesse sentido. Quantos intelectuais, ao exercerem cargos relevantes, seja na iniciativa privada ou no setor público, nos desepcionaram? E quantos "semi-analfabetos" nos surpreenderam positivamente? E o inverso, também é corrente, com intelectuais que eram tidos apenas ótimos pensadores se demonstrando excepcionais realizadores e com pessoas que eram tidas como mais próximas da população e de seus anseios e que se apresentam como verdadeiros farsantes no exercício do poder.
Mas as chuvas da semana passada guardam, mesmo, estreita relação com isso. Vejamos o caso de São paulo, por exemplo. O Prefeito Kassab é "cria" política do Governador José Serra, um dos principais possíveis candidatos à sucessão de Lula. Serra, inclusive, lidera as tais "pesquisas de opinião" até agora veículadas. Mas as chuvas da semana passada castigaram a Cidade de São Paulo. Inúmeros pontos de alagamento, um trânsito absolutamente caótico, com pessoas (como eu) que chegaram a ficar por três horas quase que totalmente paradas em algumas localidades de Cidade.
As críticas à Administração municipal foram imediatas. As rádios recebiam, ao vivo, inúmeras manifestações de desespero, desconforto e até de raiva em face de Kassab e, consequentemente, de Serra. O twitter "bombou". E tudo isso, para azar de Kassab, ocorrendo em um instante onde o Prefeito almeja majorar o valor do IPTU paulistano...
É bem verdade que as mesmas severas e emocionais críticas foram realizadas em face de Lula e, consequentemente, Dilma, naquela fatídica noite do tal "apagão 2009", uma versão mal explicada e resolvida do nosso querido "apagão 2001".
Mas se o "apagão 2001" intererferiu, sim, nas eleições de 2002, as que elegeram Lula Presidente, por que o "apagão 2009" não interferirá? E por que a inundação quase que total e o trãnsito absurdo de São Paulo também não interferirão??
As coisas estão estranhas. E a continuarem deste modo, com apagões, quedas de viadutos de obras nem inauguradas, enchentes catastróficas, aumentos de impostos em instantes infelizes... acho que elegeremos, sim, pela primeira, vez, uma mulher como nossa Presidente...
Mas não a Dilma: a Marina!!!